Entre os que adoeceram, 53% precisaram recorrer a algum medicamento e 10,6% relataram depressão. Os remédios mais usados foram os antidepressivos e ansiolíticos (35,3%), anti-inflamatórios (14,3%) e analgésicos (7,6%). Além disso, mais da metade (53,6%) alegou ter passado por ao menos uma situação de assédio moral.
Questões relacionadas à gestão do banco estão entre
as principais causas de adoecimento. Do total de entrevistados, 58% se dizem
sobrecarregados, 16,3% alegam que falta de pessoal é o principal motivo dos problemas
e insatisfação no local de trabalho, e 16% se queixam da cobrança excessiva por
metas.
Os dados fazem parte da pesquisa inédita ‘Saúde do
Trabalhador da Caixa’, encomendada pela Federação Nacional dos Associados da
Caixa Econômica Federal (Fenae) e realizada pelo Instituto FSB Pesquisa, que
ouviu dois mil trabalhadores e trabalhadoras entre os dias 2 e 30 de maio.
“As pessoas
estão trabalhando cada vez mais sob pressão para cumprir metas, com medo de
reduzir a remuneração e tudo isso leva ao adoecimento”.
A pesquisa foi apresentada ao Ministério Público do
Trabalho (MPT), que, segundo a Fenae, está analisando os dados e avaliando
quais providências devem ser tomadas. A entidade também encaminhou o material à
Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa) para que o assunto seja
pautado na mesa de negociação permanente.
Mais da metade já sofreu assédio moral
Os resultados da pesquisa mostram o peso do
“assédio moral institucional”, denuncia o documento divulgado pela Fenae.
Subnotificação e negligência
A subnotificação dos acidentes de trabalho foi um
dos problemas constatado na pesquisa. A maioria dos casos não foi formalizada
junto à Caixa. Apenas 4,4% dos que tiveram algum problema de saúde relacionado
ao trabalho relatam que a Caixa emitiu Comunicação de Acidente de Trabalho
(CAT).
Quem trabalha nas agências sofre mais
Os bancários e bancárias que atuam nas agências
apresentam mais problemas de saúde e estão mais sobrecarregados. Entre os que
trabalham nas agências, 36,4% disseram que tiveram problemas de saúde
relacionados ao trabalho nos últimos 12 meses e 66,2% alegaram sobrecarga de
trabalho.
Sobrecarga, estresse e vida pessoal
A pesquisa elaborou um índice de estresse no
trabalho que considera de 0 a 10 o nível de estresse dos trabalhadores. O
resultado mostra que 26,3% dos entrevistados apresentam um nível de estresse
entre 7 e 10.
Já o grau de interferência negativa do trabalho na
vida pessoal é classificado entre 7 e 10 para 27,1% dos entrevistados. “Isso
revela o quanto o adoecimento crônico provocado pela gestão da Caixa não atinge
apenas os empregados, mas afeta também os núcleos familiares, multiplicando o
impacto nocivo sobre a sociedade”, critica a diretora da Fenae.