Na quarta rodada
de negociação da Campanha 2018, realizada na quarta-feira (25), o Comando
Nacional dos Bancários cobrou dos negociadores da Federação Nacional dos Bancos
(Fenaban) uma garantia para os empregos e a contratação de bancários com todos
os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho, independente da
remuneração ou escolaridade. E que os novos tipos de contratos previstos pela
lei pós-golpe, como intermitente, temporário e terceirizado, só possam ser
feitos mediante negociação com os sindicatos.
Os bancos reconheceram esses dados e afirmaram não
querer promover demissões ou troca de bancários por empregados terceirizados. E
falam em “confiança” ao se recusar a colocar isso na Convenção Coletiva de
Trabalho.
Os cinco maiores bancos que atuam no país
(Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) e compõem a mesa de negociação,
empregam em torno de 90% da categoria. Em 2017 lucraram juntos R$ 77,4
bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. No primeiro trimestre deste
ano já atingiram R$ 20,6 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de
2017.
Nova rodada no dia 1º
O Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban voltam a se reunir em 1º de
agosto, em São Paulo, para debater as cláusulas econômicas. Os bancários
reivindicam aumento real para salários, vales, auxílios e piso, PLR maior. A
categoria cobra ainda respeito à igualdade de oportunidades e de ascensão
profissional para todos nos bancos.
“Lembramos aos negociadores da Fenaban que eles
ficaram de apresentar uma proposta final na rodada do dia 1º. Até agora os
bancos prometeram analisar a maior parte das reivindicações e queremos
respostas efetivas para apresentar aos bancários. Chegou a hora de resolverem
se querem mesmo resolver a campanha na mesa de negociação, como disseram na
primeira rodada de negociação, em 13 de junho”.
CCT para
todos
O Comando cobra que a CCT valha para todos os trabalhadores dos bancos,
independentemente do nível de escolaridade ou da faixa salarial. Inclusive os
hipersuficientes (que têm salários acima de R$ 11.291,60 e nível superior), que
representam cerca de 90 mil empregados de bancos públicos e privados, e correm
risco de perder direitos da CCT e a PLR. Os bancos não garantiram, mas ficaram
de analisar a reivindicação.
Banco de
horas
Os representantes dos trabalhadores não querem acordos individuais porque os
bancários não têm governabilidade para resolver suas folgas, não podem negar o
que é determinado pelas chefias. A lei pós-golpe libera esses acordos
individuais e compensação em seis meses. O Comando disse não, explicando que os
bancos muitas vezes marcavam a folga em cima da hora. E destacou que se precisa
de um ano para compensar, é porque precisa de gente e tem de contratar. Uma
nova proposta deve ser apresentada pela Fenaban.
Garantia
no emprego e contra dispensa imotivada e em massa
Os bancos se negaram a garantir empregos e cláusula contra as demissões em
massa, sob o argumento de que isso pode criar problema, travar a entrada e
saída do mercado. O Comando lembrou que metade do setor tem trabalhadores
estáveis e que isso nunca quebrou nenhuma empresa.
Garantia
da gratificação de função
Os trabalhadores reivindicam que o banco não poderá reduzir ou retirar o valor
da gratificação/comissão em quaisquer hipóteses. Mas a Fenaban afirmou que isso
promove injustiça. Para os dirigentes sindicais, injustiça é com quem perde a
gratificação e esse quadro causa insegurança para todos.
Terceirização
e outras formas de contratação pós-golpe
Diante da lei trabalhista do pós-golpe, que liberou a contratação de terceiros
e a contratação de empregados por tempo parcial, intermitente ou autônomos, os
dirigentes sindicais querem proibir a troca de bancários por trabalhadores
precarizados. A Fenaban pediu um crédito de confiança e informou que os bancos
não estão terceirizando nem têm planos de fazer isso, ou utilizar esse tipo de
contratação, mas não aceitaram colocar isso na CCT. Os dirigentes do Comando
Nacional dos Bancários insistiram que se não será feito, pode e deve estar
garantido na CCT.
Trabalho
em home office
A Fenaban afirma querer avançar neste tema, permitindo um modelo híbrido que
mescle uma parte do trabalho em casa e uma parte no banco, para o qual querem
apresentar uma proposta. O Comando disse que a proposta deve levar em conta as condições
de saúde e que não tenha custo do trabalho para o bancário.
Comissão
sobre mudanças tecnológicas
Sobre a criação de uma comissão bipartite para debater, acompanhar e apresentar
propostas em razão dos projetos de mudanças tecnológicas e os impactos no
emprego bancário, a Fenaban informou que entendeu a mensagem, mas que existe
uma preocupação sobre o sigilo das empresas e irá refletir sobre o tema.
Agências
digitais
Os trabalhadores reivindicam que os serviços em agências bancárias digitais
sejam desempenhados exclusivamente por bancários, visando garantir a qualidade
de atendimento e proteção do sigilo bancário. Também querem que sejam
respeitadas jornada e pausas para refeição e descanso de forma a proteger a
saúde e evitar sobrecarga de trabalho. O Comando cobrou ainda o livre acesso
dos dirigentes sindicais a essas unidades. A solicitação será analisada pela
Fenaban, que dará resposta em uma nova rodada de negociação.
Homologação
O ato homologatório deve ser realizado nos sindicatos diante de sua função
fiscalizadora da rescisão contratual e do devido pagamento de todos os direitos
dos trabalhadores. Os bancos ficaram de analisar para informar se colocam na
CCT, mas querem quitação total do contrato de trabalho após a homologação. Os
dirigentes sindicais explicaram que a homologação abrange muita gente e que a
quitação total depende de cada bancário.