Em uma medida arbitrária, o Banco do Brasil rompeu
com a mesa de negociação da Cassi.
Após críticas do movimento sindical e sem respeitar o rito negocial, foi
apresentada à diretoria executiva da Cassi uma nova proposta que não foi discutida
com as entidades representativas dos trabalhadores. Segundo um comunicado
oficial enviado pelo banco, as discussões a partir de agora se darão apenas
dentro da Governança da Cassi.
O texto prevê aumento na
coparticipação do associado em exames e em consultas, onerando ainda mais o
participante, principalmente aqueles que recebem salários inferiores. Para se
ter uma ideia, a um funcionário da ativa que tenha dois dependentes e que ocupe
cargo igual ou inferior a uma gerência média, por exemplo, já atingirá o limite
dos 8%.
Parte da gerência média e
assessores, por sua vez, nas mesmas condições, teria sua contribuição aumentada
para 6,3%. Já um funcionário que ocupe um cargo de gerente de área ou
gerente-geral de agência por exemplo, ou cargo superior, teria sua contribuição
aumentada de até 4% pagos atualmente para até 5,7%.
O dependente de 0 a 24 anos –
ou seja, o filho – tem gasto em exames e consultas médicas que não são
geradoras de altos custos na Cassi. Todos esses procedimentos possuem
coparticipação, isto é, parte é paga por quem tem dependentes e, por isso, não
há déficit relativo a esta questão.
Segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS), o custo
médio mensal per capita de 0 a 24 anos é cerca de R$ 169,13. Após os 24 anos, o
dependente filho tem de sair do plano associados e ir para o Cassi Família,
cujo fluxo de caixa é outro e não impacta no dos associados.
O dependente que gera
efetivamente custo para o banco é o cônjuge da ativa que passa para a
aposentadoria. E é justamente desse dependente que a empresa quer se livrar,
pois ao passar dos anos, ele representa um custo maior.
“A proposta do banco é
perversa nesse sentido e vai ao encontro da CGEPAR 23, que quer que as empresas
estatais se desobriguem com o pós-laboral. Não dá para o banco ser hipócrita e
esconder esses dados. Ao abrir mão do dependente cônjuge, o BB quer
economizar, pois, segundo a ANS, a média mensal per capita dos 60 aos 90 anos é
de cerca de R$ 3.305,31”.
A postura adotada pelo banco,
de encerrar a negociação sobre a proposta para a Cassi. Ele defende que tal
atitude só foi possível porque a diretoria confia na inépcia da chapa eleita, Mais Cassi, que tomou posse na
sexta-feira 1º de junho.
“Inclusive está na hora de a
chapa se posicionar! O banco quer onerar apenas o participante, aumentando a
coparticipação. Uma mudança dessas não pode ser tomada da noite para o dia, sem
diálogo. É importante lembrar que o movimento sindical nunca se recusou a
negociar. Nós entendemos que onerar o participante não é a solução, e a chapa Mais Cassi deveria ter mais
responsabilidade neste caso e passar a defender o associado”.
O comunicado do BB menciona,
ainda, o risco de intervenção da ANS. A empresa omite uma dívida de cerca de R$
450 milhões com a Cassi relacionados ao Grupo de Dependentes Indiretos, de
responsabilidade exclusiva do BB.
Após encerrar arbitrariamente
a negociação, o banco enviou a proposta para análise da diretoria executiva da
Cassi. Em seguida, a proposta irá para o conselho deliberativo que é composto
por metade dos integrantes indicada pelo banco, e a outra metade indicada
pelos associados. Caso seja aprovada, a proposta vai para consulta do corpo
social.
“Agora que a chapa Mais Cassi tomou posse, terá que
sair do discurso de ‘ainda não sabemos de nada’. Neste momento, é importante
que as negociações sejam feitas com os associados. Essa postura de achaque do
banco deve ser denunciada inclusive pelos eleitos para o conselho deliberativo”.