MINISTRO LIBEROU VERBA DA CAIXA USADA EM NEGÓCIO DE FILHO, APONTA INVESTIGAÇÃO

Investigações internas da Caixa Econômica Federal apontam que o atual ministro da Saúde, Gilberto Occhi, liberou, quando gestor do banco, recursos que foram usados na compra de casa lotérica vendida por seu filho e seu enteado em Alagoas.
O dinheiro da Caixa, segundo a investigação, foi transferido a uma prefeitura local e, em seguida, por meio da triangulação com um fornecedor, destinado à conta de uma das lotéricas negociadas. O depósito foi de R$ 200 mil.

Na ocasião, Occhi era superintendente nacional de Gestão da Caixa no Nordeste. Depois disso, ele viria a ocupar as funções de vice-presidente e presidente do banco, cargo que deixou em abril deste ano.

Na mesma época, as contas das empresas receberam R$ 513 mil, referentes às transações. Um dos depósitos, de R$ 200 mil, foi feito em 3 de janeiro daquele ano por uma prestadora de serviços da Prefeitura de Atalaia.

O repasse só foi possível porque, na véspera da emissão do cheque, a Caixa havia transferido R$ 800 mil para a conta da prefeitura. Os recursos eram referentes à primeira parcela da venda da folha de pagamentos dos servidores de Atalaia para o banco. O comando para que o dinheiro fosse enviado à prefeitura foi dado por Occhi em 21 de dezembro de 2012. 

Com a operação, os parentes de Occhi tiveram um ganho de pelo menos 100% em relação ao que pagaram inicialmente pelas lotéricas um ano e meio antes.

APURAÇÃO INDEPENDENTE 

Informações sobre o caso constam de investigações da própria Caixa, entre elas a apuração independente contratada pelo Conselho de Administração ao escritório Pinheiro Neto Advogados. O relatório sobre Occhi foi concluído em fevereiro e enviado a órgãos de controle do banco.

A Caixa não barrou a participação do filho e do enteado do ministro, embora o decreto 7.203, de junho de 2010, que versa sobre o nepotismo na administração pública, determinasse que a restrição deveria constar do edital.