O banco Santander adotou medidas unilaterais e até
inconstitucionais sem consultar as entidades sindicais, dando o pontapé inicial
na implementação da Reforma Trabalhista pelo sistema financeiro. Ao acessar o
sistema interno do banco, os funcionários eram direcionados para uma página
onde teriam que dar a concordância em um “Acordo” Individual de Banco de Horas
Semestral.
“Esse acordo é inconstitucional. Pela Constituição, banco de horas
somente podem ser negociados em acordoa ou contratos coletivos”.
Ao saber do ocorrido, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do
Santander solicitou uma reunião com o banco para tratar do assunto. A reunião
ocorreu na tarde de quarta-feira (13). Além da COE, estavam presentes
representantes de todas as federações de bancários do país. O banco apenas
confirmou as medidas e disse que não haveria negociações sobre elas.
O banco também informou a alteração do dia de pagamento dos salários, do
dia 20 para o dia 30, os meses de pagamento do 13º salário, antes fevereiro e
novembro e agora, maio e dezembro, entre outras medidas.
“Não contente em pressionar violentamente os trabalhadores buscando
aumento dos lucros dos acionistas e dos bônus já milionários pagos aos
executivos, o Santander agora também quer fazer resultado em cima da folha de
pagamento, retardando a data para o crédito dos salários”.
Rita Berlofa, presidenta da UNI Finanças Mundial, que também é
funcionária da Santander, ficou indignada com a atitude do banco. “Pessoas
vieram de longe para negociar. Não estávamos ali para ouvir o que o banco havia
decido fazer. Queríamos negociar”, disse. “Essa foi uma atitude antissindical
do Santander”, completou.
Em protesto, os trabalhadores encerraram a reunião. “Aquilo não era uma
mesa de negociações. Era um balcão de informações do banco para os
trabalhadores”, observou Rita.
Ação
conjunta
Para Rita Berlofa, essa não é uma prática isolada do Santander. “Trata-se do
início da implantação da reforma trabalhista pelo setor financeiro. Se não nos
manifestarmos contra essas medidas, os demais bancos vão acreditar que
concordamos com as mudanças e vão implementá-las também”, disse.
“Não temos dúvidas de que o banco vai tentar colocar em prática tudo o
que a reforma trabalhista lhe permite e tentar ir além. Nós temos que nos
organizar para impedir”, destacou a presidenta da Uni Finanças Mundial.