A Comissão Executiva dos
Empregados da Caixa (CEE/Caixa) rejeitou ainda na mesa de negociação, realizada
nesta quinta-feira (9), a proposta da direção do banco para alterar o modelo de
custeio do Saúde Caixa.
A reunião deveria
debater a garantia de empregos e de incorporação de função, que representa
estabilidade de remuneração dos trabalhadores, e a assinatura do Termo de
Compromisso, entregue em mesa dia 26 de outubro e que protege os empregados dos
malefícios da reforma trabalhista. No entanto, a Caixa mudou sua estratégia,
negou todas essas garantias e retirou todas as questões debatidas ontem.
"A Caixa pediu que
os empregados façam sacrifícios, sem oferecer contrapartidas. A direção da
empresa também tem que respeitar os empregados e valorizar a Caixa. Os direitos
que a Caixa queria barganhar na mesa de negociação agora terão que ser
arrancados na luta", diz Wandeir Severo, representante da Federação dos
Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) na CEE Caixa.
“Os trabalhadores que
foram chamados e lutaram também tiveram disposição de negociar. Mas a direção
do banco e o governo federal, intransigentes, travaram todo e qualquer avanço
dessa negociação", afirmou Dionísio Reis, coordenador CEE/Caixa, que ainda
classificou a atitude da Caixa como desrespeitosa. “O Termo de Compromisso, a
garantia de empregos e das funções dos empregados da Caixa representam as
conquistas que esses trabalhadores tiveram em suas carreiras, além das lutas
históricas de décadas da categoria bancária, que não podem ser ameaçadas dessa
forma e muito menos arrancadas. Nós, empregados da Caixa, não aceitamos nenhum
tipo de retrocesso.”
Este embate começou no
final de outubro, quando, sob alegação de que precisa se adequar às regras
estabelecidas pelo Basileia 3, a Caixa informou que está empenhada em mudar o
modelo de custeio do Saúde Caixa. Para isso, poderá, inclusive, mudar o
estatuto da empresa, estabelecendo um teto de 6,5% da folha de pagamento anual
como limitador para despesas com o plano.
De acordo com o
coordenador CEE/Caixa, este informe só foi feito por conta do Acordo Coletivo
de Trabalho, com validade de dois anos, no qual constam todas as conquistas
históricas específicas dos empregados da Caixa, inclusive regra de custeio do
Saúde Caixa. “A Caixa ameaça fazer as alterações de qualquer forma, via
estatuto. A única razão para buscar a negociação é nossa garantia, conquistada
pela nossa força de mobilização na greve de 31 dias, no ano passado, e nas
greves gerais, em 2017”, lembrou.
Durante seu último
encontro, o Comando Nacional dos Bancários avaliou que os empregados deveriam
buscar garantias na negociação, visto que a Caixa impunha mudanças no
modelo de custeio do Saúde Caixa com o objetivo de reduzir as provisões que o
banco é obrigado a fazer para cobrir despesas futuras com o plano de saúde. A
medida liberaria bilhões de reais, que poderiam fortalecer a base de capital da
instituição mantendo linhas de crédito do banco federal. Com o decreto
publicado no dia 1 de novembro, que cria um regime especial para venda de seus
ativos, o risco de privatização fica cada vez maior.
“A defesa da Caixa 100%
pública é uma defesa dos empregados da Caixa e, acima disso, uma defesa do povo
brasileiro. Nossa luta é por moradia, saúde, educação, políticas públicas e
mais qualidade de vida. Só a luta nos garante”, finalizou Dionísio Reis.