Funcionário é chamado na
auditoria para escrever carta admitindo erros e logo em seguida é demitido por
justa causa. Sindicato orienta: os trabalhadores devem se recusar a fazer isso
O Itaú está pressionando
bancários a “confessarem” erros para depois demiti-los por justa causa. Esses
trabalhadores são chamados na auditoria, que fica no Ceic, para redigir carta
de próprio punho, ditada pelo representante do banco, admitindo ter realizado
algo que vai contra a política oficial da instituição financeira. Logo em
seguida, esse funcionário é desligado, e sem receber nenhuma verba
indenizatória.
O Sindicato orienta os trabalhadores a não redigirem a
carta, ainda que o banco pressione. “O bancário não deve escrever a carta de
jeito nenhum. Ele deve se recusar e procurar imediatamente o Sindicato que vai
orientá-lo, inclusive juridicamente. Até porque o banco não tem esse poder inquisitivo”.
Ressaltamos que os possíveis erros que os bancários
possam ter cometido são resultado da própria política de imposição de metas
inalcançáveis aos trabalhadores. O problema é que quando esses erros se tornam
reclamações de clientes a órgãos como o Banco Central, o Itaú tenta de eximir e
jogar todo o problema sobre o trabalhador.
“O que acontece é que o assédio moral e a pressão por
metas de vendas é uma política generalizada no Itaú Unibanco. E essa forma de
gestão, que não é assumida pela instituição, acaba levando o bancário a cometer
erros e a passar por cima da política oficial do banco. A venda casada é um
exemplo. Só que quando esses erros, que na grande maioria das vezes são
estimulados pelos gestores, se transformam em reclamações de clientes, o Itaú
tenta jogar toda culpa em cima do bancário, obrigando-o a assumir tudo sozinho,
e ainda demite por justa causa”, denuncia. “O trabalhador não deve escrever
carta nenhuma!”.
Consequências – O sindicato informa que quando o trabalhador se
recusa a redigir a carta, o banco o afasta por um período de mais ou menos 15
dias. É o tempo que o Itaú leva para analisar se vai demitir o bancário por
justa causa ou se será dispensa sem justa causa. “De qualquer forma, quando o
bancário é chamado para a auditoria e pressionado a escrever a carta, ele será
demitido. Infelizmente o banco está fazendo isso para eliminar postos de
trabalho, e não está revendo suas práticas abusivas para o atingimento de metas”.
Aconselhamos os bancários a ficarem atentos às regras do
banco e ao que diz o código do consumidor. “É importante que o trabalhador não
desrespeite essa política ainda que esteja sendo pressionado pelo seu gestor a
bater metas e a vender produtos. Paute-se pela ética e pelo que o banco declara
como o correto”.