Apresentou
uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ao Supremo Tribunal Federal
(STF) para anular dispositivos da reforma trabalhista sancionada em meados de
julho pelo presidente Michel Temer.
A
alegação de Janot é que os trechos da legislação –que alterou a famosa CLT
(Consolidação das Leis Trabalhistas)– impõem, por exemplo, restrições ao acesso
gratuito à Justiça do Trabalho para aqueles que não comprovarem renda
suficiente para arcar com os custos de ações.
“Com
propósito desregulamentador e declarado objetivo de reduzir o número de
demandas perante a Justiça do Trabalho, a legislação avançou sobre garantias
processuais e viola direito fundamental dos trabalhadores pobres à gratuidade
judiciária, como pressuposto de acesso à jurisdição trabalhista gratuita”,
critica.
Um
dos pontos contestados na norma é a obrigação de se pagar honorários
periciais e advocatícios de sucumbência (quando a parte derrotada deve bancar
uma espécie de prêmio à vencedora), mesmo para quem é abrangido pelo direito à
gratuidade.
“Na
contramão dos movimentos democráticos que consolidaram essas garantias de amplo
e igualitário acesso à Justiça, as normas impugnadas inviabilizam ao
trabalhador economicamente desfavorecido assumir os riscos naturais de demanda
trabalhista e impõe-lhe pagamento de custas e despesas processuais de
sucumbência com uso de créditos trabalhistas auferidos no processo, de natureza
alimentar, em prejuízo do sustento próprio e do de sua família”, afirma.
Para
Janot, a legislação questionada investe contra a população brasileira mais
vulnerável e desequilibra a paridade de armas processuais entre aqueles que
demandam a Justiça para resolver essas questões.
O
procurador-geral pede a concessão da liminar para suspender os efeitos de
trechos da lei, uma vez que a norma vai entrar em vigor em 120 dias após a
publicação dela no Diário Oficial da União, ou seja, dia 11 de novembro. Para
ele, essa suspensão preventiva, se não ocorrer, produzirá “grave e
irreversível” prejuízo à população.
A ação
foi apresentada ao Supremo na tarde da sexta-feira e ainda não tem relator
escolhido.
Fonte:
Reuters