A
Gerência de Gestão de Pessoas da Caixa Econômica Federal divulgou nesta
sexta-feira (25) um informe sobre o programa de Gestão de Desempenho de Pessoas
(GDP). A medida, realizada em atendimento à pressão dos representantes dos
trabalhadores, que conseguiram que o banco esclarecesse os procedimentos
durante a reunião da mesa de negociações permanentes, ocorrida no dia 15 de
agosto, não foi suficiente para esclarecer sobre as consequências geradas pela
assinatura no acordo para adesão ao programa, bem como para aqueles que não
assinarem.
“O
comunicado foi enviado na data limite que havia sido combinada. Mas, não traz
muitos esclarecimentos. Mas se parece com uma publicidade em defesa do GDP.
Diz, por exemplo, que a avaliação do desempenho é uma necessidade apontada
pelos empregados. No entanto, não dizem que os empregados também pedem que as
metas sejam estabelecidas coletivamente com a participação deles”, disse
Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva de Empregados da Caixa.
“A
única coisa que ficou clara é que a Caixa quer colocar o empregado em uma
encruzilhada. Se ele assinar o acordo, pode perder o comissionamento de função
gratificada se for classificado como incipiente ou emergente, como prevê o RH
184. Se ele não assinar, ele fica prejudicado em processos seletivos internos”,
concluiu.
Assédio moral
Para os representantes dos empregados, da forma como está estabelecido, o
programa será mais um mecanismo utilizado para fazer pressão pelo cumprimento
de metas abusivas. “Somos contra o GDP. Não queremos que os empregados sejam
cobrados e sofram assédio para cumprirem metas inatingíveis, estabelecidas sem
a participação deles”, explicou o coordenador da CEE/Caixa.
De
acordo com o estabelecido, os funcionários podem ser classificados, de acordo
com seu desempenho como incipiente, emergente (quatro níveis), eficaz, superior
em estilo, superior em resultado ou excepcional.
Pressão pela assinatura
A Caixa iniciou a implantação do GDP em 2015, sem que houvesse qualquer
discussão com os representantes dos empregados. Em maio daquele ano, a
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a
Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica Federal
(Fenae) iniciaram uma campanha de conscientização e mobilização contra o
programa. Na ocasião, foram divulgadas uma nota de
repúdio das entidades e uma cartilha.
Esta última foi impressa e enviada para todos os trabalhadores do banco.
“No
ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) 2015-2016, conquistamos a suspensão do
programa. A direção do banco sempre se recusou a revoga-lo, já planejando sua
retomada, o que está ocorrendo agora. Trata-se de mais um golpe contra nossos
direitos”, disse Dionísio Reis. O GDP foi mantido apenas para cargos de gestão.
Agora
o programa está sendo ampliado para todos os cargos comissionados da Caixa,
incluindo operadores de caixa, avaliadores de penhor e todos os demais. A
medida está prevista na mais recente versão do normativo RH 205, publicada em
julho, que, conforme avaliação da comissão dos empregados, representa uma
redação ambígua, não deixando claro os prejuízos que o empregado poderá sofrer
caso decida não aderir ao programa.
“Nem o
RH 205, nem o comunicado enviado hoje aos empregados deixa claro o que
acontecerá com quem não assinar o acordo individual”, critica o coordenador da
CEE/Caixa.
Desde
que anunciou o GDP, em 2015, o movimento sindical e associativo tem se
posicionado contra o programa e reivindicado a sua suspensão, mas a Caixa não
recuou.
Os
trabalhadores têm até o final de agosto para assinar o documento. “Continuamos
contrários ao programa e instruímos aos empregados que se verem obrigados a
assinar o documento a procurar por seu sindicato e denunciar o assédio. É bom
lembrar que em nossa Convenção Coletiva existe uma cláusula que proíbe o
assédio”, ressaltou Dionísio.