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30/06/2017 - 11:46:57
POUCO TEM SIDO DITO DE QUE A REFORMA TRABALHISTA É RUIM ATÉ PARA OS EMPRESÁRIOS!

Texto de Luis Eduardo Luis Eduardo Fontenelle

Muito já se falou sobre os prejuízos que o trabalhador sofrerá com a reforma da CLT.

Mas pouco tem sido dito, e muito poucos se deram conta, de que a reforma trabalhista é ruim até para os empresários! - especialmente os micro e pequenos. Um erro tremendo, um verdadeiro tiro no pé. Por vários motivos:

1- A precariedade dos novos/velhos tipos de contratos de trabalho reduzirá ainda mais sua duração e acelerará ainda mais a rotatividade da mão-de-obra. 

A redução do patamar salarial e a instabilidade dos postos de trabalho daí decorrentes impedirão de vez o que hoje já é tão difícil: que os trabalhadores façam projetos de vida. 

Quem vai se arriscar, nessas condições, a financiar uma casinha num conjunto, um carro seminovo, uma geladeira, um estudo para tentar se qualificar e mudar de vida? O baque no sistema de crédito ao consumidor, pilar fundamental da economia, será dramático. 

Consequência? O ciclo vicioso da economia vai continuar. Empresas fechando, empresas deixando de investir, mais desemprego, mais recessão.

2- Sem sindicatos que façam frente às grandes empresas, estas usarão seu poderio econômico para impor com mais facilidade condições precarizantes a seus trabalhadores, criando um quadro de dumpíng - uma concorrência desigual e prejudicial as micro e pequenas empresas, que geram quase 2/3 dos empregos do país, mas não têm a mesma força.

3- A terceirização indiscriminada, longe de aumentar a produtividade, ao contrário, a reduz. Diferentemente dos empregados fixos, os terceirizados tendem a não nutrir ligação afetiva com a empresa, a não assumir compromissos com suas metas, seus objetivos, sua missão.  

Além disso, os terceirizados tendem a não conhecer ou não possuir a mesma qualificação (formação, treinamento) para lidar com o processo produtivo da empresa. 

Isto potencializa a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, e a consequente responsabilidade financeira das empresas tomadoras de serviços pelas indenizações correspondentes - em suma, o barato vai sair caro.

4- Sem a válvula de escape de sindicatos fortes e representativos, e com uma Justiça do Trabalho esvaziada, as reivindicações dos trabalhadores tendem a ser mais desorganizadas e, consequentemente, mais imprevisíveis e violentas, com danos potenciais ao patrimônio das empresas envolvidas e até mesmo à integridade física de seus donos.

É bem plausível que a curto prazo nos vejamos diante de um fenômeno curioso: pressionada pela violência dos conflitos, a classe empresarial passar a pregar...o fortalecimento da Justiça do Trabalho! A mesma que hoje hostiliza e intenta esvaziar, mas para transformá-la num instrumento de repressão reivindicatória.

Em suma, sob o próprio ponto de vista dos pequenos empregadores, a reforma trabalhista:

1- Atrapalha o crescimento econômico. 

2- Precariza e não cria, ao contrário, suprime empregos.

3- Não melhora a produtividade das empresas.

4- Potencializa, em vez de pacificar conflitos.

Portanto, tanto trabalhadores quanto pequenos empresários, deliberadamente intrigados entre si, estão sendo vítimas de um imenso, gigantesco engodo. 

O verdadeiro inimigo dos micro e pequenos empresários é o processo de financeirização da economia. A supremacia de   bancos e especuladores sobre o setor produtivo. 

Juros mais baixos, câmbio mais favorável, tributação leve e simplificada. Essa é a verdadeira agenda dos micro e pequenos empresários. 

A reforma trabalhista que hoje tramita no Congresso interessa apenas a poucos e poderosos grupos político-econômicos, sem compromisso real com o país.

 



Fonte: Seeb Sorocaba
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