BANCOS SEGUEM CORTANDO POSTOS DE TRABALHO
Apenas nos quatro primeiros meses deste ano o setor
bancário extinguiu 8.536 postos de trabalho. Na comparação com o mesmo período
do ano passado, o saldo representa aumento de 87,5% no número de cortes de
vagas. O dado foi apontado pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese), com informações do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Todos os estados brasileiros registraram saldo
negativo de contratações, exceto o Acre, que teve apenas um novo posto de
trabalho criado. São Paulo (- 2.472), Paraná (1.162) e Rio de Janeiro (-911)
foram os estados mais impactados pelos cortes.
“Mesmo com lucros elevados no primeiro trimestre, os bancos cortaram
milhares de postos de trabalho. Não existe qualquer justificativa razoável para
tantos cortes. Como concessões públicas, os bancos deveriam ter
responsabilidade social e não colaborar para a já elevada taxa de desemprego no
país. O resultado desse tipo de gestão, que corta custos atacando a folha
salarial, são bancários sobrecarregados, adoecidos, agências lotadas e clientes
insatisfeitos”.
Caixa – O banco
que mais impactou o emprego no setor foi a Caixa, com saldo negativo de 4.320
postos de trabalho. O elevado número de cortes é resultado do PDVE (Plano de
Demissões Voluntárias Extraordinário), lançado no início do ano pouco antes da
liberação dos saques de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço). Esse quadro aumentou significativamente a demanda de
trabalho na instituição, inclusive com ampliação do horário de atendimento e
abertura de agências aos sábados.
“A direção da Caixa, sob ordens do governo Temer, promove um verdadeiro
desmonte na instituição, reduzindo seu papel estratégico para o desenvolvimento
e retomada econômica do país. Além disso, reduz drasticamente o quadro de
funcionários. Os empregados, junto com suas entidades representativas, devem
defender a Caixa 100% pública e seu fortalecimento. Mais empregados para a
Caixa é mais Caixa para o Brasil”.
Motivação – Do
total de cortes nos bancos, 49% ocorreram sem justa causa. A participação dos
desligamentos a pedido foi expressiva, 45% do total, devido ao PDVE da Caixa.
Rotatividade – Os
bancos, além de cortar postos de trabalho, lucram com a chamada rotatividade.
Entre janeiro e abril, os bancários admitidos no setor foram contratados
recebendo em média 59,6% da remuneração dos trabalhadores desligados.
Desigualdade de gênero – Outro dado que chama atenção no levantamento do Dieese é a desigualdade
de gênero. As 3.393 mulheres admitidas nos quatro primeiros meses de 2017
recebem, em média, R$ 3.478,15. O valor corresponde a 65,1% da remuneração
média dos 3.385 homens contratados no mesmo período.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres
também se faz presente entre os bancários desligados. As 7.788 mulheres que
deixaram os bancos recebiam, em média, R$ 6.572,97, ou 79,7% da remuneração
média dos 7.526 homens desligados.
Faixa etária – Os
bancários admitidos nos primeiros quatro meses deste ano concentraram-se na
faixa etária até 24 anos, com saldo positivo em 1.958 postos de trabalho. Já os
desligamentos concentraram-se, principalmente, entre bancários de 50 a 64 anos,
com o fechamento de 6.132 postos de trabalho.
“Isso mostra que, se aprovada a reforma da Previdência, não existirão
mais aposentados bancários. Antes de completar 65 anos, com o mínimo de 25 anos
de contribuição, o trabalhador será substituído por outro mais jovem, com remuneração
inferior”.