Numa ação orquestrada pelo
governo, os bancos públicos voltaram a ser alvo de ofensivas da imprensa, tal
como aconteceu nos anos 90, sob FHC, auge do processo de privatização das
instituições financeiras. O objetivo é claro: pavimentar o caminho para a
entrega dessas empresas para a iniciativa privada.
No caso do Banco do Brasil, as ações nesse sentido
são flagrantes: redução de funcionários, suspensão de concursos públicos,
compra de créditos podres e vendas de ações são algumas das medidas que
evidenciam a intenção do governo ilegítimo em desmontar as empresas públicas.
A mais recente medida que sinaliza o início do
processo de privatização do BB foi o anúncio da Secretaria do Tesouro
Nacional, feito dia 5 deste mês, da decisão de vender as ações
do banco detidas pelo Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE), o
Fundo Soberano. A previsão é de que a operação seja concluída no prazo de 24
meses.
E mais: por meio da Portaria nº 9, de 12 de
maio de 2017 (imagem acima), a Secretaria de Coordenação e Governança das
Empresas Estatais (Sest) fixa o limite máximo para o quadro de pessoal próprio
do BB para 106.786 funcionários até 1º de dezembro de 2018.
O alerta que o movimento sindical faz é que a demanda por funcionários possa agora
ser atendida pela via da terceirização de mão de obra, que foi ampliada de
forma irrestrita por lei sancionada por Michel Temer no final de março
passado.
Rafael Zanon, representante da Fetec na Comissão de
Empresa dos Funcionários, que negocia com o BB demandas do funcionalismo,
adverte que "a portaria vai restringir a contratação de mão de obra
efetiva por concurso público, abrindo portas para a terceirização,
com todas as consequências desse tipo de subcontratação, piorando ainda mais as
condições de trabalho por conta do déficit de funcionários".
O diretor critica que, à medida que as demandas dos
clientes no banco aumentam, o número de funcionários diminui, prejudicando
tanto os trabalhadores como a clientela e os usuários. “Antes éramos 120
mil, e hoje somos 104 mil”, comparou. Além disso, foram fechadas 551
agências, em 12 meses, por conta da reestruturação. A rede própria do
banco também foi reduzida em 970 pontos de atendimento.