No Rio de Janeiro, o RH 184 tem dado respaldo à retirada de funções de
gerentes. Principais vítimas sofreram “punição” por participar das mobilizações.
O que está acontecendo
atualmente na Superintendência Regional Rio de Janeiro Norte é uma demonstração
clara do respaldo dado pelo RH 184 às perseguições e afastamentos de função por
motivos alheios ao desempenho dos comissionados. Depois de afirmar em sua posse
que “em cabeça de gestor não cabe boné de sindicalista e que por isso muita
gente iria ficar no meio do caminho”, o superintendente retirou a função de
três gerentes e rebaixou outro que obteve o segundo melhor resultado da SR
Norte. O “crime” deles? Terem participado ativamente das mobilizações da
Campanha Nacional dos Bancários de 2016, que, entre outras reivindicações,
pedia o fim dos descomissionamentos arbitrários.
Casos como esses e
outros absurdos, como o descomissionamento de mulheres grávidas, só são
possíveis porque o RH 184 dá legitimidade a medidas discricionárias, já que não
há critérios técnicos que embasem decisões de cima para baixo, e que não levam
em conta a dignidade e respeito ao trabalhador. Antes de ter uma função, o
bancário da Caixa é um empregado concursado, comprometido com a empresa e que tem
todo o interesse em manter sua função, que representa parte importante e
significativa de seu salário.
Com 13 anos de Caixa e
11 anos de função, a bancária Simone Saturnino Braga foi uma das destituídas.
Ela disse que a fragilidade das alegações para a retirada de função é patente e
que se preciso buscará na justiça a reparação desse dano a sua carreira. “Estou
recebendo todo o apoio do Sindicato e sei que será uma luta dura, mas não posso
deixar que meu desempenho seja questionado dessa forma, tenho orgulho do
trabalho que realizo”, afirma ela. Simone lembra ainda que, pelos critérios
definidos pelo próprio Superintendente como base para sua avaliação dos
gestores, sua agência ficou em oitavo lugar, entre 46 agências da
Superintendência.
Segundo informações do
Sindicato dos Bancários do Rio, à época das paralisações, gestores da
Superintendência Regional Sul sofreram retaliações, perdendo suas
eventualidades e oportunidades de substituição. Muitos foram transferidos de
unidades. Gestores da Superintendência Oeste foram perseguidos e ameaçados.
“Agora a Regional Norte,
onde houve a segunda maior adesão à paralisação, sofre com o autoritarismo e o
desrespeito aos direitos dos trabalhadores. Profissionais competentes são
punidos sem critérios, justificativas ou qualquer oportunidade de defesa”
lamenta Paulo Matileti, vice-presidente do Sindicato e presidente da Apcef/Rio.
A presidente do Sindicato, Adriana Nalesso, reafirmou seu compromisso de
encaminhar a luta contra o RH 184 e manifesta seu total apoio aos empregados da
Caixa, contra abusos e perseguições em retaliação a quem exerceu seu direito de
fazer greve.
Para o coordenador da
CEE/Caixa, Dionísio Siqueira, é preciso que os empregados reforcem a luta
contra o RH 184, em defesa da Caixa 100% Pública e contra atos de
autoritarismo, que estão se espalhando pelo país. “Infelizmente, no GT que
tratou do tema o banco mais tentou impor unilateralmente a nova versão 33 do RH
184, insistindo na tese do ‘justo motivo’ para continuar com a prática. Mas
isso vai de encontro à proposta construída a partir das reivindicações da
categoria, colhidas em uma ampla consulta nacional e é por ela que
continuaremos a lutar” diz.