O setor bancário continua na contramão de
desempenhar sua responsabilidade social. Apesar dos altos lucros, a onda de
cortes continua desenfreada. De janeiro a setembro de 2016, de acordo com o
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), os bancos brasileiros
fecharam 9.258 postos de trabalho no país. Isso representa um aumento de 52,2%
em relação ao número de postos fechados no mesmo período em 2015, quando foram
extintos 6.084 postos. E equivale à quase totalidade dos postos fechados em
todo o ano passado (9.886).
Ainda, segundo a pesquisa, São Paulo foi o estado
onde ocorreram mais cortes, com 4.383 postos a menos (quase 47,3% do total de
postos fechados), seguido pelo Rio de Janeiro, que fechou 1.463 postos (15,8%),
o Paraná, com 678 postos extintos (7,3%) e Minas Gerais com menos de 620 postos
(6,7% do total). Somente quatro estados registraram saldo positivo no emprego
bancário, com destaque para o Pará, com 105 postos abertos.
A análise por setor de atividade econômica mostra
que os “Bancos múltiplos, com carteira comercial”, CNAE que engloba grandes
instituições como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil
foram os principais responsáveis pelo saldo negativo.
A análise por Setor de Atividade Econômica (Tabela 1) revela que os Bancos
Múltiplos com Carteira Comercial, categoria que engloba grandes instituições
como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander fecharam 7.302 postos
de trabalho (78,9% do total de postos fechados). A Caixa Econômica Federal foi
responsável pelo corte de 1.992 postos de trabalho (21,5%).
Motivos
dos Desligamentos
A maioria dos desligados foram trabalhadores mais
velhos e com mais tempo no emprego. Do total das demissões ocorridas nos
bancos, 61% foram sem justa causa, perfazendo 15.480 desligamentos. Os
desligamentos a pedido do trabalhador representaram 29% do total e totalizaram
7.224.
Desigualdade entre homens e mulheres
As desigualdades continuam visíveis no setor bancário. As 7.983 mulheres
admitidas nos bancos nos primeiros nove meses de 2016 receberam, em média, R$
3.088,55. Esse valor correspondeu a 71,3% da remuneração média auferida pelos
7.953 homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 4.330,67.
No momento do desligamento observou-se, praticamente, a mesma diferença na
remuneração entre homens e mulheres. As mulheres que tiveram o vínculo de
emprego rompido nos bancos no período recebiam R$ 5.308,58, o que representou
71,2% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, que foi de R$
7.454,50.
Faixa Etária
Os bancários admitidos
concentraram-se na faixa etária até 24 anos de idade, com isso o saldo de
emprego nessa faixa foi positivo em 3.630 postos. Os desligamentos se
concentraram nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, na de 50
a 64 anos, que registrou um corte de 5.745 postos de trabalho (62% do total de
postos fechados).
Tempo no
Emprego
Entre os 25.194 desligados, a maior parte tinha 10
ou mais anos no emprego (8.838 cortes que correspondem a 35% do total). Outros
5.431 tinham entre 5 e 10 anos no emprego (21,6%). Ou seja, observa-se que o
corte dos postos nos bancos se deu principalmente entre aqueles com maior tempo
de casa, sendo compatível com o fato de serem os trabalhadores mais velhos.