Banco afirma que reestruturação está suspensa, mas
estão liberados “ajustes” nos setores.
Se a primeira negociação sobre o acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com a Caixa Federal foi marcada pelo descaso da direção do banco público com os empregados, a segunda rodada nesta quarta 24 foi bem pior. Não há data para uma próxima negociação.
Os negociadores da Caixa “soltaram os cachorros” contra os trabalhadores, de
acordo com o diretor do Sindicato e coordenador da Comissão Executiva dos
Empregados (CEE), Dionísio Reis. Afirmaram, por exemplo, que o processo de
reestruturação está suspenso, mas que as chefias estão liberadas para promover
“ajustes” que visem melhorias.
“Na prática isso quer dizer que chefias podem perseguir empregados à vontade,
pois terão respaldo do banco. Isso é um absurdo que não vamos tolerar. Os
empregados terão de reagir à altura e ampliar a mobilização para que o respeito
seja estabelecido nas relações no ambiente de trabalho”, afirma Dionísio.
Como exemplo dos efeitos nefastos desse tipo de
“ajustes”, os dirigentes sindicais relataram a perseguição de um gestor da Centralizadora
Nacional de Habitação e Garantia (Cehag) da cidade de São Paulo, onde sete
trabalhadores foram “transferidos” para outras unidades e outros 30 rebaixados
na função. Tudo de forma unilateral e sem qualquer tipo de avaliação.
Para os negociadores do banco essa remoção estava
correta e informaram que se enquadra na nova política da empresa.
“Com isso a Caixa está institucionalizando o assédio moral. Fato que não
toleraremos”, reforça o coordenador da CEE.
Saúde do trabalhador – Os bancários reivindicaram o custeio integral pela Caixa do tratamento
das doenças ocupacionais, inclusive para os empregados aposentados por
invalidez por acidente de trabalho. Também cobraram pesquisa e mapeamento do
perfil do bancário da Caixa, criação de uma política de saúde mental, abertura
de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) em caso de assalto a todos os
empregados da unidade, além do combate ao assédio moral e todas as formas de
violência organizacional.
A Caixa argumentou que já custeia o tratamento e
admitiu que desrespeita a emissão da CAT por não fazê-la no período de 24
horas, mas só depois de avaliado por médico ou psicólogo. Negou a criação de
política de saúde mental com participação dos trabalhadores. Afirmou ainda que
faz o combate ao assédio moral.
GDP – A CEE voltou a reivindicar o fim da Gestão
de Desempenho de Pessoas (GDP). A Caixa também negou.
Saúde Caixa – Os sindicalistas enfatizaram que,
pelo segundo ano consecutivo, a Caixa descumpre acordo que prevê a utilização
do superávit anual do Saúde Caixa para melhorias no plano.
“A afirmação da bancada patronal foi de que ainda
não foi aprovado pelo Conselho Diretor. Isso é uma provocação ao movimento
sindical, que discute o tema há anos no GT de Saúde”, critica Dionísio.
Funcef – Os empregados também reivindicaram a
quitação do contencioso judicial da Caixa com a Funcef e a manutenção do Fundo
para Revisão de Benefícios. O banco não se posicionou.
Função de caixa – Outra reivindicação apresentada foi a alteração do normativo RH184, com
a extinção do caixa minuto, do avaliador minuto e do tesoureiro minuto.
Mas tudo que os negociadores do banco fizeram foi
confirmar a extinção do cargo de caixa, retirado inclusive do Plano de Funções
Gratificadas. E nenhuma resposta sobre alterar o normativo.