O setor bancário cortou 6.785 postos de trabalho no
primeiro semestre de 2016, segundo estudo do Dieese com dados do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. A maioria dos
cortes foi em São Paulo (-3.715 postos), seguido pelo Rio de Janeiro (-1.086
postos).
Os bancos múltiplos com carteira comercial – categoria que inclui BB, Itaú,
Bradesco e Santander, e exclui a Caixa Federal – foram os principais
responsáveis pelo saldo negativo: eles cortaram 5.304 vagas. Mas a Caixa também
contribuiu com a extinção de empregos e cortou 1.469 postos de trabalho entre
janeiro e junho deste ano, devido ao Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA).
Luta por emprego – O secretário-geral do
Sindicato, Francisco Cabral Neto, destaca que os bancos continuam lucrando
muito mesmo na atual conjuntura de recuo da economia, e não têm nenhuma
justificativa para demitir. “Só no primeiro trimestre do ano, a soma dos lucros
dos cinco maiores bancos somados [BB, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander] chegou
à marca de R$ 13 bilhões. Com esse resultado, eles tinham de contribuir com o
desenvolvimento do país, gerando empregos bancários e assim melhorando o
atendimento à população, e fornecendo crédito com juros baixos”, critica.
Francisco destaca ainda que a manutenção do emprego é uma das principais
reivindicações da Campanha Nacional deste ano, cuja pauta foi aprovada em 31 de
julho, por delegados e delegadas representando bancários de todo o país.
Conferência: só a luta garante seus direitos.
Rotatividade – Os dados do Caged mostram também que os bancos faturam com a
rotatividade, já que os trabalhadores admitidos ganham em média 55,9% do que
recebiam os demitidos.
Desigualdade – Os números comprovam a desigualdade entre homens e mulheres no setor
bancário. As 5.371 mulheres admitidas nos bancos no primeiro semestre de 2016
recebem, em média, R$ 3.101,62, valor que correspondeu a 73,2% da remuneração
média dos 5.484 homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 4.235,69. A
desigualdade também se observa entre os demitidos. As mulheres desligadas no
primeiro semestre do ano recebiam em média R$ 5.507, que representou 72,8% da
remuneração média dos homens desligados no período.
O fim dessa discriminação é outra bandeira da categoria bancária, que aprovou,
durante a Conferência Nacional, moção de repúdio a qualquer tipo de violência
contra a mulher, seja ela física, sexual, psicológica ou simbólica. “Uma das
nossas bandeiras é a igualdade de oportunidades na vida e no trabalho, independente
de gênero, raça, credo religioso ou se é pessoa com deficiência. As mulheres
ocupam 49% do total de postos de trabalho no Brasil e recebem, em média,
salários 24% menores que os dos homens. Isso também é violência de gênero”.