Distribuídos em centros administrativos, agências e empresa de
desenvolvimento de software
A fase de transição do HSBC para o Bradesco começou no início deste mês e a intenção do banco brasileiro é aproveitar a maior parte da estrutura disponível em Curitiba para gerar mais rentabilidade para o grupo. As agências bancárias, centros administrativos e o HSBC Global Technology (GLT) – empresa de desenvolvimento de softwares – serão mantidos, assim como a maior parte dos quase 7 mil funcionários.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o vice-presidente
do Bradesco responsável pela área de tecnologia, Maurício Machado de Minas, e o
vice-presidente da rede de atendimento, Josué Augusto Pancini, detalharam como
será o processe de transição, que deve ser finalizado até 7 de outubro. As
grandes mudanças serão em relação à revisão de contrato com fornecedores,
internalização de atividades próprias que o HSBC possui e organização de
centros de competência de Curitiba que prestarão serviço para a organização a
nível mundial.
Nas palavras de Minas, a grande surpresa em todo o
pacote vendido pelo banco britânico por R$ 16 bilhões, foi o HSBC Global
Technology (GLT), empresa de desenvolvimento de softwares. A unidade será a
primeira a se integrar ao Bradesco e toda a sua estrutura física e pessoal será
mantida.
O que mudará será o nome e as funções. A unidade
passa a se chamar Scopus Curitiba e focará suas atividades no desenvolvimento
de plataformas web e mobile. Até então, a equipe de cerca de 800 funcionários
se dedicava à manutenção dos sistemas desenvolvidos no exterior.
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Com a transição, a Scopus Curitiba atuará junto com
a Scopus de São Paulo – unidade de tecnologia do Bradesco que possui cerca de
700 funcionários. “Vamos dobrar de tamanho em desenvolvimento de tecnologia”,
diz Minas.
O investimento em tecnologia vai de encontro ao
objetivo do Bradesco de se tornar um banco digital. “Queremos criar uma
plataforma nativa digital, com uma experiência parecida com a das redes
sociais”, diz o executivo. O objetivo é fazer as plataforma digitais atuarem
como provedoras de serviços, inclusive para abertura de contas.
Centros Administrativos
O HBSC possui quatro centros administrativos em
Curitiba, nos bairros Água Verde, Hauer, Centro (Palácio Avenida) e Xaxim que
empregam mais de 5 mil funcionários. “Algumas atividades que imaginamos que
sejam relevantes para o banco Bradesco e que hoje são feitas por terceiros em
São Paulo, nós vamos deixar de terceirizar e vamos internalizar, como o call
center aqui em Curitiba”, explica Minas.
O serviço de call center do Bradesco será todo feito
pela equipe de Curitiba, que conta com 1 mil funcionários. O serviço de
cobrança de mora, que também é terceirizado, também deve ficar somente com a
equipe local. “Vamos testar aqui para ver se há ganho de eficiência”, diz
Pancini.
As demais áreas administrativas, que empregam 3,2
mil funcionários, também devem ser incorporadas. Para isso, serão organizados
Centros de Competência em Curitiba que vão prestar serviço para a organização a
nível nacional. O destaque são os setores de crédito, estatístico e atuário. Já
com relação aos funcionários de TI que não compõem o GLT, cerca de 900 pessoas,
a ideia é tentar aproveitá-los e usá-los na gestão dos data centers.
O compromisso do Bradesco também é de manter a
maior parte das agências bancárias do HBSC. Pancini afirma que, mesmo nos casos
de sobreposição, quando há agências das duas bandeiras na mesma rua, por
exemplo, não haverá fechamento. A exceção é para os casos de unidades
ineficientes, que podem ser fechadas. “O que está sendo avaliado é se é uma
operação que dá resultado”, diz Pancini.
Contraponto
O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região
acredita que não haverá demissões em massa, mas não trabalha com um cenário
tranquilo de transição. A instituição teme que a matriz seja mantida em São
Paulo e que parte dos centros administrativos sejam descontinuados.
Desde sexta-feira (8), o sindicato disponibilizou
um canal de denúncias em na sua página e está recebendo cerca de 15 depoimentos
anônimos por dia. A maior parte das reclamações é sobre a falta de informação.
A categoria também está mobilizada para manutenção dos salários e benefícios
dos funcionários do HSBC, que, segundo a instituição, são maiores que os
oferecidos pelo Bradesco.
Transição deve ser
finalizada em 7 de outubro
Clientes vão receber kit de boas-vindas contendo
cartões entre o fim de agosto e início de setembro
O Bradesco deve finalizar a transição dos clientes
do HSBC até o dia 7 de outubro. A partir de então, todas as agências do banco
inglês terão uma nova fachada e os canais digitais serão encerrados e trocados
pelas plataformas oferecidas pelo Bradesco.
Os clientes vão receber um kit de boas-vindas,
contendo novos cartões e orientações, entre o fim de agosto e início de
setembro. A orientação é que eles façam o desbloqueio dos cartões em uma
máquina de autoatendimento. Os cartões com a bandeira do HSBC continuarão
funcionando até o fim deste ano.
Os gerentes de contas e as senhas bancárias de seis
dígitos serão mantidas. O mesmo acontecerá com os pacotes e tarifas bancárias
de serviços prioritários para pessoas físicas durante doze meses, uma exigência
do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A grande mudança será nas plataformas de
atendimento digital. A tecnologia do HSBC será encerrada e os clientes do banco
inglês passam a usar os sistemas desenvolvidos pelo Bradesco. Isso também deve
ocorrer até 7 de outubro.
Desde o dia 2 de julho, clientes do HSBC já podem
utilizar caixas eletrônicos do Bradesco para realização de saques e pagamentos
de contas.