Tão logo
o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de
Andrade, fez menção da adoção do modelo trabalhista Francês e a jornada de 80
horas no Brasil, todas as centrais sindicais se uniram contra mais essa
investida contra os trabalhadores brasileiros.
Ler a nota é dever dos trabalhadores, em particular, e da sociedade em
geral, para conhecimento do cenário conturbado de investida contra os direitos
da classe trabalhadora em discussão em setores da sociedade, no governo e no
Parlamento.
Propor
jornada de 80 horas semanais é uma provocação ao trabalhador brasileiro
Nós
sindicalistas repudiamos a sugestão, proferida pelo presidente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, na sexta-feira (8/7),
após uma reunião com o presidente interino Michel Temer e cerca de 100
empresários do Comitê de LÃderes da MEI (Mobilização Empresarial pela
Inovação), segundo a qual o Brasil deveria ampliar sua carga horária de
trabalho em até 80 horas semanais e de 12 horas diárias para classe
trabalhadora.
Neste
momento em que as centrais sindicais buscam um diálogo, a fim de estabelecer um
consenso benéfico para todos, tal afirmação, que faz lembrar a situação da
classe operária do século 19, surge como uma provocação estapafúrdia ao povo
brasileiro.
O que os
trabalhadores querem e precisam é andar para frente, não retroceder na história.
Neste sentido aproveitamos a oportunidade para reafirmar nossa bandeira pela
redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de
salário.
A
proposta da jornada de 80 horas semanais vai na contramão de todos os estudos
sobre o trabalho no Brasil. Pesquisas do Dieese, por exemplo, apontam que a
adoção das 40 horas semanais poderá gerar mais de 2 milhões de novos postos de
trabalho. Na mesma linha, estudos do Ipea apontam que uma jornada de 12 horas
semanais seria suficiente para produzir a mesma riqueza produzida com uma
jornada legal de 44 horas.
A
elevação do nÃvel de emprego e dos salários irá beneficiar todo o paÃs e
promover o crescimento da economia brasileira, fortalecendo o mercado interno,
ampliando o consumo e estimulando os negócios no comércio e na indústria.
A adoção
de uma jornada de 80 horas semanais, por outro lado, causará um atraso social,
cultural e econômico, submetendo a classe trabalhadora a condições desumanas
afetando (1) sua saúde e qualidade de vida; (2) sua possibilidade de
escolaridade e conhecimento; (3) e reduzindo seu tempo de vida social e
cultural.
Acreditamos que a redução da jornada de trabalho sem redução de salário é
indispensável para ampliar a oferta de emprego, na medida em que os ganhos de
produtividade - fruto do desenvolvimento tecnológico e de formas mais avançadas
de gerenciamento - requerem essa mudança. Qualquer medida contrária só ampliará
a precarização e retirará direitos consagrados pela luta histórica da classe
trabalhadora.
As
centrais sindicais conclamam à classe trabalhadora e ao conjunto do povo
brasileiro para que se mantenham alertas, vigilantes e mobilizados para a luta
contra o retrocesso neoliberal neste difÃcil momento da vida nacional, marcada
por uma brutal ofensiva dos capitalistas contra o Direito do Trabalho, a
democracia e a soberania nacional.