A 2ª Vara do Trabalho de Campinas condenou o Itaú,
recentemente, a pagar indenização de R$ 2,2 milhões por danos morais e
materiais a uma bancária aposentada por invalidez aos 36 anos. E mais: o Itaú
terá que custear todas as despesas médicas do tratamento de forma vitalícia. A
ação contra o Itaú, ingressada pelo Sindicato dos Bancários de Campinas e
Região, tramitou durante 10 anos e agora não cabe mais recursos.
Para a Justiça do Trabalho, a perda da capacidade
laborativa, em decorrência de uma tenossinovite, teve nexo de causalidade com a
atividade exercida pela bancária. De acordo com a sentença, o Itaú teve culpa
no agravamento da doença, até o ponto de resultar em invalidez total para o
trabalho. Na opinião da bancária agora indenizada, que pediu anonimato, a
decisão da Justiça do Trabalho representa “uma vitória, sem dúvida. Mas
continua sendo algo difícil de aceitar. As minhas limitações diárias, a dor que
sinto nos braços, não me deixam esquecer. Tive que aprender a viver respeitando
meus limites, que não são poucos”. A bancária iniciou sua carreira no Unibanco,
na função de auxiliar, em 1987. Em 1988 foi promovida à caixa e chegou ao cargo
de assistente de gerência de contas em 1993. “Eu tinha planos profissionais,
tinha sonhos que foram encerrados aos 36 anos, com a minha aposentadoria”.
Trajetória da doença
A bancária começou a sentir dores nos braços em
1997, já com 10 anos de Banco. Porém, mesmo com a dificuldade, deu sequência às
funções normalmente até que, no limite da dor, veio o primeiro afastamento, em
1998. De 1998 até 2005, foram inúmeros tratamentos médicos, remédios para a dor
e tentativa frustrada de retornar ao trabalho.
Hoje aos 46 anos, a bancária ainda sofre com a
convivência de suas limitações. E se emociona ao lembrar que não conseguiu
sequer amamentar o filho sem a ajuda do marido. “Sinto até hoje, especialmente
quando meu filho me pede algo que não posso fazer como, por exemplo, jogar
videogame com ele”. A bancária mantém acompanhamento psiquiátrico e faz
hidroterapia duas vezes por semana para amenizar as dores.
Pressão adoece bancário
O drama da bancária do Itaú não é isolado, único.
“As chamadas Lesões por Esforços Repetitivos (LER) atingem toda a categoria,
principalmente em função da cobrança por metas abusivas, inatingíveis, e até da
falta de estrutura para o desempenho das funções exigidas. Resultado: bancário
adoecido, bancário lesionado, bancário condenado à invalidez. A decisão da
Justiça representa uma conquista. Porém, é preciso melhores condições de
trabalho. É possível produzir sem adoecer o trabalhador bancário. A mobilização
da categoria, a cada Campanha Nacional, busca construir um ambiente de trabalho
mais saudável”, destaca o vice-presidente do Sindicato e secretário de Assuntos
Jurídicos da Contraf-CUT, Mauri Sérgio.