Aconteceu o que o governo mais temia, a
oposição esperava e o PMDB sonhava. Os protestos deste domingo (13) bombaram,
foram maiores do que o das Diretas Já e deram força ao grupo que tenta tirar
Dilma Rousseff do poder.
Às vésperas da retomada da tramitação
do processo de impeachment na Câmara, as manifestações de ontem tornam mais
plausÃvel diagnóstico quase consensual partilhado por governo, oposição e
peemedebistas. O desfecho da crise está próximo e pode não passar de julho.
Tal avaliação vai acelerar ainda mais
uma corrida nos bastidores de BrasÃlia. De uns, na busca de herdar o poder, de
outros, para tentar mantê-lo e de muitos sonhando com seu rápido desfecho para
escapar das garras da Operação Lava Jato.
Para esta última turma, o recado da
equipe da Lava Jato é que a operação não vai parar, tal desejo é mera ilusão e
vai se transformar em pesadelo com as novas delações.
O fato é que o domingo pode ser visto
como um divisor de águas, que assusta o governo, pressiona o Congresso na
análise do impeachment e faz Michel Temer evitar erros recentes e se posicionar
como aquele que pode unir o paÃs. Nesta toada, algo inimaginável acontece: o
PMDB proÃbe filiados de aceitar cargos. Claro, o melhor deles está logo ali.
Já a oposição celebra os protestos de
ontem, acerta com o vice um governo de transição para recuperar o paÃs e,
assim, espera reconquistar o poder em 2018. Afinal, hoje o clima nas ruas não é
bom nem para ela.
Do lado do governo e do PT, mais do que nunca muitos enxergam no ex-presidente
Lula a última cartada capaz de evitar uma debandada da base aliada nesta hora
derradeira e fugir de um fim horroroso.
Enfim, a voz das ruas cobra urgência
para o desfecho da crise. Ela precisa ser superada com a reação do governo ou
seu fim, mas pelas vias legais. O fato é que ninguém aguenta mais. Nem mesmo a
própria equipe do governo.