Desde o seu primeiro mandato, a presidente Dilma, com apoio de Lula e
dos caciques do PT, usa sempre a mesma justificativa para explicar a
crise econômica no Brasil. Contra todas as evidências de que a crise é
consequência direta da má gestão da economia desde o final do governo
Lula, eles continuam até hoje a negar qualquer responsabilidade nos
acontecimentos. Afirmam sem cerimônia que a crise no país nada mais é
que um reflexo da crise internacional, que afetou as principais
economias do planeta desde a derrocada do mercado imobiliário americano,
em 2008.
Trata-se de um argumento mais que conveniente para quem não tem a
coragem dos grandes líderes de assumir os próprios erros e de aprender
com eles. Também é uma explicação oportuna para iludir os incautos que
ainda acreditam no blablabá de Brasília e do PT. Eles contam com a
ignorância do público – ou de boa parte dele -- para emplacar as versões
fantasiosas que fabricam para mascarar os seus tropeços. Só que, nos
últimos anos, a economia global vem se recuperando da crise, ora de
forma mais vigorosa, ora menos, enquanto o Brasil vem descendo a ladeira
em ritmo acelerado com incômoda consistência.
Como revelam os números do quadro abaixo, a ideia de que a recessão no
Brasil é decorrente da crise global não passa de uma falácia. De acordo
com previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Rússia é a única
entre as principais economias do planeta, além do Brasil, que vai fechar
2015 em recessão. Só que a Rússia sofreu duras sanções das economias
desenvolvidas por seu envolvimento na Ucrânia, que afetaram
dramaticamente seu crescimento, e o Brasil, não.
Os principais países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha,
Reino Unido e França, vão encerrar o ano com a economia em crescimento,
assim como o México, a Colômbia, o Chile, o Peru e até a Argentina, na
América Latina. Até o Japão, cuja economia patina há anos, deverá
crescer 0,6% em 2015, segundo o FMI. Diante desses dados, não dá para
deixar de perguntar que crise internacional é essa a que o governo tanto
se refere.
Para superar a crise e tentar recuperar a confiança do setor privado,
que é algo quase impossível nesta altura do campeonato, o primeiro passo
deveria ser o governo reconhecer os sérios equívocos cometidos por
Dilma e também por Lula, na gestão da economia, e não negá-los e
escamoteá-los como eles têm feito até agora.
Isso, porém, talvez seja pedir de mais para quem montou
“industrializou” a corrupção no país, com o objetivo de perpetuar-se no
poder e -- de quebra – garantir uns pixulecos para engrossar o próprio
patrimônio.
JOSÉ FUCS