CONQUISTA DOS BANCÁRIOS NA CCT, COMBATE AO ASSÉDIO SERÁ TEMA DE NOVA RODADA DE NEGOCIAÇÕES
Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a Fenaban para
discutir a implementação de cláusulas de combate ao assédio moral, sexual e
outras formas de violência.
O combate explícito
ao assédio moral no ambiente de trabalho foi uma das grandes conquistas das
bancárias e bancários, na Campanha Nacional de 2024, e que gerou a renovação
mais recente da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
O secretário de Saúde da Confederação Nacional das Trabalhadoras e dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles, observa que o
termo "assédio moral" nunca foi aceito pelos
bancos, até a última campanha salarial, na qual os trabalhadores conseguiram o
acordo de transformar a mesa de negociação permanente "Prevenção de
Conflitos no Ambiente de Trabalho", que existia desde a CCT 2010/2011, em "Negociação
nacional sobre assédio moral, sexual e outras forma de violência no trabalho
bancário".
"Com o
reconhecimento, por parte das empresas, de que o assédio moral existe e precisa
ser coibido no ambiente de trabalho, conseguimos avançar em nossas
reivindicações históricas de combate tanto ao assédio moral, quanto ao assédio
sexual e outras formas de violência, a partir de cláusulas inéditas que foram
inseridas na CCT", completa o dirigente.
As cláusulas conquistadas determinam que os bancos disponibilizem canais para
denúncias e para o acolhimento humanizado, com garantia de proteção e sigilo às
vítimas e aos denunciantes dos tipos de violência que possam ocorrer no
ambiente de trabalho.
Os bancos também aceitaram o compromisso de estabelecer campanhas internas e
externas de repúdio ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no
ambiente laboral, além de disponibilizar aos empregados orientações sobre as
atitudes que podem ser tomadas diante desses tipos de violência. E, conforme firmado na
renovação da CCT, os bancos teriam até o dia 1º de setembro deste ano para
colocar em vigor essas cláusulas.
Nova rodada de negociações
Nesta quarta-feira (26), o Comando Nacional dos
Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltarão a se reunir para
uma nova rodada da "Negociação nacional sobre assédio moral, sexual e
outras forma de violência no trabalho bancário".
A secretária da Mulher do Contraf-CUT, Fernanda Lopes, lembra que na última mesa
sobre o tema, realizada em fevereiro, a Fenaban apresentou um relatório
revelando que as cláusulas ainda não haviam sido plenamente implementadas no
setor.
Segundo a entidade que representa os bancos, até fevereiro, 100% das empresas
tinham os canais de denúncia e acolhimento às vítimas de assédio, entretanto
não foram criados canais separados, ou seja, um para denúncia e outro para
acolhimento, conforme colocado na CCT. Além disso, até fevereiro, 82% dos
bancos haviam produzido materiais para informar e orientar os trabalhadores, e
89% feito as declarações de repúdio contra esses tipos de violência.
“Apesar dos dados de
implementação avançados, e ainda dentro do prazo, ou seja, antes de 1º de
setembro, na última reunião identificamos alguns pontos que precisavam ser
acertados para garantir a eficiência no cumprimento dessas cláusulas. Dentre
eles, a garantia de sigilo e segurança; e a separação dos dados de assédio
moral e sexual em relação aos dados de ‘outras formas de violência’, pra que
que tenhamos uma visão real dos problemas para melhor combatê-los”, explicou
Fernanda Lopes.
Ainda na mesa anterior de negociação, o secretário de Saúde da Contraf-CUT,
Mauro Salles, havia observado que para que a conquista das cláusulas de combate
à violência moral, sexual e outras formas de violência funcione, efetivamente,
é preciso rediscutir a cobrança de metas. "A forma como os bancos estão
estruturando seus sistemas por metas e resultados abre brechas para
potencializar o assédio moral. A pressão por metas aumenta os riscos
psicossociais, provocados pelo trabalho", destacou o
dirigente.
Esses apontamentos acabaram gerando reivindicações dos trabalhadores à Fenaban,
feitos na reunião de fevereiro e que a categoria espera que os bancos tragam
devolutivas na reunião desta quarta-feira (26). “Além de tratar também como violência a
pressão por resultados e metas; da separação dos dados sobre assédios moral e
sexual dos dados de ‘outras formas de violência’; e garantia de sigilo e
segurança aos funcionários vítimas e/ou que fazem denúncias; aguardamos
devolutivas da Fenaban sobre o aprofundamento das campanhas de combate a toda a
forma de violência no ambiente laboral e outros pontos importantes para a
implementação efetiva dessas clausulas”, conclui Fernanda
Lopes.
