Na
6ª rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários, que aconteceu nesta
quarta-feira (7), o Comando Nacional cobrou da Federação Nacional do Bancos
(Fenaban) aumento real nos salários, aumento na PLR e melhorias nas demais
cláusulas econômicas, como nos vales alimentação e refeição, diante dos
significativos resultados financeiros dos bancos.
O porta-voz da Fenaban falou de
aumento de concorrência no setor, diante do surgimento de novas instituições de
pagamento. Disse ainda que essa concorrência coloca o setor bancário em risco
no país e sugeriu propostas que poderiam precarizar direitos e rebaixar os
salários.
“Os bancos estão chorando de barriga cheia.
Mostramos que, entre 2003 e 2023, o lucro líquido dos maiores bancos no Brasil
cresceu 169% acima da inflação. Além dos lucros, os bancos sempre mantiveram
rentabilidade significativa no país, mesmo em momentos de crise, com
crescimento médio de 15% acima da inflação. A título de comparação, os bancos
dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na
Espanha 10% e na Inglaterra 9%", destacou a coordenadora do Comando
Nacional dos Bancários e também presidenta da Confederação Nacional dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia
Moreira. “Atualmente, 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor
financeiro estão nas mãos dos bancos”, completou.
PRINCIPAIS
REVINDICAÇÕES DA MESA
Recomposição salarial:
- Que o reajuste salarial corresponda à reposição da inflação, pelo INPC
acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de
5%.
Participação nos Lucros e Resultados:
- Garantia de que todos os empregados, independentemente de faixa salarial e
incluindo aposentados e afastados por motivos de saúde ou acidente, tenham
participação nos lucros da empresa, a partir do pagamento de três salários-base,
mais as verbas fixas de natureza salarial, reajustadas em setembro de 2024.
- Que as empresas paguem, a título de parcela adicional, o valor fixo de R$
15.400,07, corrigido pelo INPC-IBGE, acumulado no período entre setembro de
2023 e agosto de 2024, acrescido de aumento real de 5%.
- Que os bancos não descontem da PLR (seja regra básica, seja parcela
adicional) outros pagamentos feitos por planos próprios e de remuneração
variável.
- Transparência nas regras usadas pelos bancos para calcular e pagar a PLR.
Auxílio alimentação e auxílio refeição:
- Aumento do VA dos atuais R$ 835,99, pagos mensalmente, para R$ 1.412,00, e
aumento do VR dos atuais R$ 1.060,84, pagos sob a forma de 22 tickets de R$
48,22, para R$ 1.412,00, pagos em 23 tickets de R$ 61,39.
Auxílios creche e babá:
- Pagos no valor de um salário-mínimo, R$ 1.412,00.
Endividamento entre os bancários
O Comando Nacional também levou à mesa resultados da pesquisa sobre a situação
de endividamento da categoria: 71% estão com dívidas. Desses, 46% com cartão de
crédito e 42% com crédito pessoal.
A título de comparação, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do
Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio, aponta que 78,8% das
famílias do país estão endividadas. Na população com renda acima de 10 salários
mínimos, esse percentual é 71,4%.
Entre os bancários endividados, 10% estão com atrasos, enquanto a média das
famílias com alguma dívida em atraso no país está em 28,6%.
"Dessas dívidas em atraso, entre os bancários, 66% são com cartão de
crédito e 45% crédito pessoal, o que é muito preocupante, sobretudo no caso do
cartão de crédito, diante dos juros extorsivos do rotativo", pontuou
Juvandia Moreira.
O Comando Nacional dos Bancários lembrou que, até 2022, ocorreu um aumento nos
níveis de endividamento do país, por conta de fatores como crise política e
econômica e a covid-19. Esses níveis começaram a melhorar em 2023, com inflação
sob controle, melhora na atividade econômica, programas de governo para
famílias saírem do endividamento, como o Desenrola, e aumento nos níveis de
emprego.
“Nossa reivindicação neste ponto do endividamento é para que os bancos atuem,
por exemplo, com a criação de um crédito consignado, com juros abaixo dos
praticados, para os funcionários. Chamamos a atenção também que, com a melhora
das atividades econômicas, os bancos estão apresentando melhores lucros, em
relação aos anos recentes, e isso é reflexo dos esforços da categoria, no seu
dia a dia no trabalho, e que devem ser reconhecidos, com melhoria na
remuneração”, ressaltou Juvandia.
Dia de mobilização
O próximo encontro com a Fenaban será em 13 de agosto. O Comando cobrou que os
bancos tragam, no dia, propostas já debatidas até o momento na campanha
nacional.
No dia 12, a categoria realizará um dia nacional de lutas, para
cobrar propostas decentes dos bancos.
Calendário das próximas negociações
13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição