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08/08/2024 - 08:25:07
SINDICATO COBRA AUMENTO REAL, MAS BANCOS SE FAZEM DE VÍTIMAS E PROPÕEM PRECARIZAÇÃO

Mesmo com aumento nos lucros, banqueiros choram e propõem precarizar salários.

Na 6ª rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários, que aconteceu nesta quarta-feira (7), o Comando Nacional cobrou da Federação Nacional do Bancos (Fenaban) aumento real nos salários, aumento na PLR e melhorias nas demais cláusulas econômicas, como nos vales alimentação e refeição, diante dos significativos resultados financeiros dos bancos.

O porta-voz da Fenaban falou de aumento de concorrência no setor, diante do surgimento de novas instituições de pagamento. Disse ainda que essa concorrência coloca o setor bancário em risco no país e sugeriu propostas que poderiam precarizar direitos e rebaixar os salários.

“Os bancos estão chorando de barriga cheia. Mostramos que, entre 2003 e 2023, o lucro líquido dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação. Além dos lucros, os bancos sempre mantiveram rentabilidade significativa no país, mesmo em momentos de crise, com crescimento médio de 15% acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%", destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e também presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Atualmente, 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor financeiro estão nas mãos dos bancos”, completou.

PRINCIPAIS REVINDICAÇÕES DA MESA

Recomposição salarial:

- Que o reajuste salarial corresponda à reposição da inflação, pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%.

Participação nos Lucros e Resultados:

- Garantia de que todos os empregados, independentemente de faixa salarial e incluindo aposentados e afastados por motivos de saúde ou acidente, tenham participação nos lucros da empresa, a partir do pagamento de três salários-base, mais as verbas fixas de natureza salarial, reajustadas em setembro de 2024.

- Que as empresas paguem, a título de parcela adicional, o valor fixo de R$ 15.400,07, corrigido pelo INPC-IBGE, acumulado no período entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido de aumento real de 5%.

- Que os bancos não descontem da PLR (seja regra básica, seja parcela adicional) outros pagamentos feitos por planos próprios e de remuneração variável.

- Transparência nas regras usadas pelos bancos para calcular e pagar a PLR.

Auxílio alimentação e auxílio refeição:

- Aumento do VA dos atuais R$ 835,99, pagos mensalmente, para R$ 1.412,00, e aumento do VR dos atuais R$ 1.060,84, pagos sob a forma de 22 tickets de R$ 48,22, para R$ 1.412,00, pagos em 23 tickets de R$ 61,39.

Auxílios creche e babá:

- Pagos no valor de um salário-mínimo, R$ 1.412,00.

Endividamento entre os bancários

O Comando Nacional também levou à mesa resultados da pesquisa sobre a situação de endividamento da categoria: 71% estão com dívidas. Desses, 46% com cartão de crédito e 42% com crédito pessoal.

A título de comparação, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio, aponta que 78,8% das famílias do país estão endividadas. Na população com renda acima de 10 salários mínimos, esse percentual é 71,4%.

Entre os bancários endividados, 10% estão com atrasos, enquanto a média das famílias com alguma dívida em atraso no país está em 28,6%.

"Dessas dívidas em atraso, entre os bancários, 66% são com cartão de crédito e 45% crédito pessoal, o que é muito preocupante, sobretudo no caso do cartão de crédito, diante dos juros extorsivos do rotativo", pontuou Juvandia Moreira.

O Comando Nacional dos Bancários lembrou que, até 2022, ocorreu um aumento nos níveis de endividamento do país, por conta de fatores como crise política e econômica e a covid-19. Esses níveis começaram a melhorar em 2023, com inflação sob controle, melhora na atividade econômica, programas de governo para famílias saírem do endividamento, como o Desenrola, e aumento nos níveis de emprego.

“Nossa reivindicação neste ponto do endividamento é para que os bancos atuem, por exemplo, com a criação de um crédito consignado, com juros abaixo dos praticados, para os funcionários. Chamamos a atenção também que, com a melhora das atividades econômicas, os bancos estão apresentando melhores lucros, em relação aos anos recentes, e isso é reflexo dos esforços da categoria, no seu dia a dia no trabalho, e que devem ser reconhecidos, com melhoria na remuneração”, ressaltou Juvandia.

Dia de mobilização

O próximo encontro com a Fenaban será em 13 de agosto. O Comando cobrou que os bancos tragam, no dia, propostas já debatidas até o momento na campanha nacional.

No dia 12, a categoria realizará um dia nacional de lutas, para cobrar propostas decentes dos bancos.

Calendário das próximas negociações

13/08 – Cláusulas econômicas

20/08 – Em definição

27/08 – Em definição



Fonte: Contraf
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