A Fenaban apresentou novamente uma proposta de reajuste salarial abaixo das reivindicações da categoria, de 8,75%. A negociação realizada na tarde desta quarta-feira (21), no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. A proposta foi de 8,75% reajuste salarial.
O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa, reafirmou a intenção de discutir reajuste acima da inflação e orientou a categoria que a greve continua. A Fenaban vem enrolando as negociações desde terça, dia 20/10, agora pediu outra vez intervalo e voltou solicitando nova negociação para amanhã, dia 22 - quinta-feira, às 14h.
“O índice de 8,75% é uma brincadeira de mau gosto com pais e mães de família por parte dos patrões banqueiros e além de ser abaixo da inflação, não repõe as perdas salariais”, afirma Adilson Galvão, presidente do Sindicato dos Bancários de Guaratinguetá e Região.
Setores com lucros menores pagaram acima da inflação
Outros setores da economia, com lucros muito menores e sem comparação aos dos bancos – e em alguns casos apresentaram prejuízos –, pagaram aumento acima da inflação aos seus trabalhadores, como mostra balanço das campanhas salariais do primeiro semestre, realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos).
O Comércio, por exemplo, que registrou quedas no faturamento e nas vendas no primeiro semestre do ano, fechou 76% de seus acordos com reajuste acima da inflação para os funcionários. No setor de Serviços, que também sofreu perdas, os ganhos reais foram observados em 74% dos acordos. E a Indústria, outra área com recuos no desempenho, fechou 61% das campanhas com reajustes acima da inflação nos primeiros seis meses do ano.
Na indústria um caso é dos metalúrgicos, que estão em campanha e têm a mesma data base dos bancários: 1º de setembro. Apesar de sofrerem diretamente os efeitos da queda na venda de automóveis e caminhões, dezenas de empresas do ABC paulista ofereceram aos seus empregados a garantia do índice que recompõe pelo menos a inflação do período, de 9,88%.
O setor químico de São Paulo, também propôs aos seus empregados a correção dos salários pelo percentual equivalente à variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período de novembro de 2014 a outubro de 2015, que deverá girar em torno de 10%. A data-base da categoria é 1º de novembro.
O Dieese considerou 302 unidades de negociação, privadas e estatais. Desse total, 69% resultaram em reajustes acima da inflação, 17% foram iguais à inflação do período e somente 15% foram abaixo.
Mais de R$ 36 bilhões de lucros liquídos!
Os banqueiros possuem condições para atender as reivindicações. Porque exploram a população cobrando 403,5% ao ano no cartão de crédito, 253,2% ao ano no cheque especial, tarifas exorbitantes a custa da miséria do trabalhador. Os cinco maiores bancos que atuam no Brasil lucraram R$ 36,3 bilhões no primeiro semestre, conforme dados do Dieese.
Principais reivindicações da Campanha Salarial 2015
Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de reposição de perdas salariais)
PLR: 3 salários mais R$7.246,82
Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e
combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15
no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que
coíbe dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós. Prevenção contra
assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas
agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação
de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de
autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das
agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na
ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e
pessoas com deficiência (PCDs).