Nas vésperas do Natal, a direção da Caixa Econômica Federal enviou
um e-mail às unidades informando que o “monitoramento da área de pessoas acerca
dos registros curriculares” havia identificado “situação atípica para
determinados lançamentos vinculados a essa unidade”. A mensagem foi enviada a
diversas unidades, indistintamente, sem especificar qual “irregularidade” teria
sido encontrada. No texto o banco também solicitava aos gestores o envio, até o
dia 27 de dezembro, de “evidências” da realização das “rodas de diálogos”.
Após intervenção da representação das empregadas e empregados, a Caixa mandou
nova mensagem estendendo o prazo e especificando as irregularidades encontradas
em cada unidade.
“Não faz sentido a Caixa exigir, nas vésperas do Natal, provas da realização
das ‘rodas de diálogo’ que já foram informadas pelos gestores”, enfatizou a
coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana
Uehara Proscholdt. “Principalmente porque tais exigências não estão previstas
em qualquer normativo ou orientação do banco. Felizmente o banco atendeu nossa
demanda e reviu as orientações”, disse Fabiana, reforçando que a mudança de
postura da Caixa reforça a mesa de diálogo e negociações.
Segundo Rafael de Castro, dirigente da Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e diretor da Federação Nacional
das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), a mensagem, enviada no período de
fechamento de metas, causou ansiedade em gestores que não tinham apontamentos a
serem corrigidos e gerou preocupação entre as empregadas e empregados, pois a
medida poderia interferir no desempenho e avaliação de um trabalho de um ano
todo.
“Apenas causou inquietação nos empregados, já preocupados com o fechamento do
ano. Entendemos que erros pontuais devem ser corrigidos, mas é preciso rever
esse conceito e rediscutir o processo das ‘rodas de diálogo’”, disse o
dirigente da Contraf-CUT e da Fenae ao destacar que o objetivo da conversa deve
ser o desenvolvimento do empregado. “Da forma coma a Caixa cobrou, o princípio
da ‘roda de diálogo’ fica distorcido e faz parecer que é uma ferramenta para atingir
meta e conquistar o Bônus Caixa”, avaliou.
A Caixa concordou com a inadequada tempestividade do envio do e-mail e informou
que a intenção foi dar uma “janela de oportunidade” para os gestores corrigirem
irregularidades nos registros antes do final do ano.
A coordenadora da CEE também expressou preocupação com o desvirtuamento da
iniciativa. “Depois da conversa nós entendemos que esta não foi a intenção da
Caixa, mas é preciso ter cuidado para não distorcer o sentido das ‘rodas de
diálogo’. Um dos temas foi, inclusive, a prevenção ao assédio e o tom da
mensagem da Caixa cobrando evidências de sua realização. Se houve casos
específicos, a Caixa deveria encaminhar e-mails direcionados a essas situações
e de forma clara”, analisou.
“Nossa exigência é que este processo não resulte em qualquer prejuízo para os
empregados. O que aconteceu foi um desrespeito. Depois de um ano exaustivo,
trabalhando arduamente para retomar as políticas econômicas e sociais para
reconstruir país, os empregados esperavam um reconhecimento bem diferente deste
que foi apresentado. Era o mínimo para sinalizar que a gestão de assédio e medo
realmente ficou para trás”, acrescentou Rafael de Castro, fazendo menção à “gestão pelo
medo” praticada durante as gestões do banco indicadas pelo governo
anterior.
A Comissão e o banco vão se reunir no dia 18 de janeiro para
debater os critérios das “rodas de diálogo”, entre eles a questão das horas
extras, a capacitação/qualificação dos empregados que dirigem as rodas, o
retorno efetivo da Universidade Caixa, entre outros.
A CEE também cobrou a retomada das reuniões dos Grupos de Trabalho que discutem
promoção por mérito, caixas/tesoureiros e avaliadores de penhor, condições de
trabalho e as mesas de negociações sobre reivindicações como: