Na retomada dos trabalhos do Fórum Sindical Internacional sobre a
Digitalização Financeira após o almoço, Marco Bonnefoy, da Confederação de
Trabalhadores Bancários do Chile (CSTBA), ministrou a palestra “Bancarização e
automatização, o papel do banco”.
De acordo com Bonnefoy, os bancos souberam aproveitar esse impulso
tecnológico, assumindo diversos meios de negócios que não fazia antes, como
oferta de serviços online e digitais. “Todo esse movimento foi puxado, sem
dúvida, pelas fintechs. Instituições financeiras que nasceram com o uso
intrínseco da tecnologia, criando um novo modelo de negócio”.
Para ele, o maior impacto dos avanços tecnológico nos bancos é
sentido pelas pessoas. “Os trabalhadores são os principais afetados. A ameaça
está sobre os funcionários e a realidade do emprego, a forma como são
contratados”, disse. “Os bancos concentraram o desenvolvimento tecnológico no
front end, mas em breve o farão no back end”, completou.
O sindicalista chileno aponta que a mudança do perfil de modelo de
negócio dos bancos no seu país culminou no desemprego. “Os bancos não estão
mais focados nas pessoas, mas em empreendimentos. Com isso, eles mandaram
embora muita gente. Eles precisam de menos pessoas para atender esse modelo de
negócios”.
Os trabalhadores que permanecem estão sobrecarregados. “Embora os
clientes tenham optado pela prestação de serviços digitalmente, continuam a ter
em conta o atendimento presencial prestado pelos bancos”.
O desafio do movimento sindical do Chile é negociar com os bancos
a adequação dos trabalhadores empregados aos postos existentes. “Precisamos
falar com os bancos para mudar a forma de emprego. Isso precisa ser feito com
união. Estamos tentando, mas vai ser muito difícil, porque nosso modelo de
trabalho é muito individualista”, lamentou.
Para ele, o exemplo ideal é o Brasil. “Aqui é o melhor exemplo que
temos, este é o nosso ideal. Vamos ter muito trabalho para mudar na consciência
do trabalhador”.