Representantes da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro) e da Fenae (Federação Nacional das Associações
do Pessoal da Caixa Econômica Federal) se reuniram na última segunda-feira 15
com o deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT/AL), para tratar
sobre o PL 1043/2019, que obriga os bancos a abrir as agências aos sábados, das
9h às 14h, e aos domingos, das 9h às 13h. O deputado Paulão é o novo relator do
projeto na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, onde
o PL 1043/2019 está em tramitação.
"O Sindicato e demais
entidades representativas da categoria bancária estão acompanhando a tramitação
do PL 1043/2019, e atuando junto aos parlamentares que tem responsabilidade com
os trabalhadores pelo seu arquivamento definitivo. Nossa atuação e a
mobilização dos bancários já venceu este e outros projetos que atacavam nossa
jornada, nosso direito de descanso e lazer aos finais de semana, de ter um
tempo com nossas famílias. Desta vez não será diferente. Estaremos mobilizados
até o arquivamento em definitivo deste projeto. Fique atento nas redes sociais
do Sindicato, no nosso site, e some forças nessa luta. Trabalho aos finais de
semana não!"
“Trouxemos nossas preocupações e posicionamentos ao deputado e
mostramos porque defendemos o arquivamento deste projeto”, disse o secretário
de Relações do Trabalho da Contraf-CUT, Jeferson Meira, o Jefão, que é o
responsável da Confederação pelo acompanhamento das pautas de interesse dos
trabalhadores em tramitação no Congresso Nacional. “Trata-se de um projeto
pernicioso, que pode aumentar ainda mais a pressão por metas e o assédio sobre
a categoria bancária, e, consequentemente, gerar ainda mais adoecimento de
trabalhadores, que já sofre demais com as cobranças abusivas”, completou, ao
lembrar que para a abertura em casos excepcionais, como feiras e eventos de
negócios, ou situações emergenciais, são realizados acordos específicos para
que bancários possam trabalhar em dias não úteis, sem que haja alteração na
jornada de toda a categoria.
Jefão explicou ainda que a jornada da categoria é reduzida para que haja tempo
de relaxamento para os trabalhadores, que desempenham suas tarefas em constante
pressão, seja devido a cobrança abusiva de metas pelos gestores, seja porque
manipulam grandes quantidades de recursos financeiros, o que gera sensação de
insegurança e medo de assaltos. “A categoria é a que tem maior índice de afastamentos para tratamento de saúde,
sendo os transtornos mentais o mal de maior incidência”, disse.
Segundo o autor da proposta, deputado David Soares (DEM/SP), o horário de
funcionamento das agências, hoje, se sobrepõe à jornada de trabalho da maioria
da população, sendo necessária a abertura das agências nos finais de semana.
O diretor de Administração e Finanças da Fenae, Marcos Saraiva, o Marcão,
contesta a argumentação do autor do projeto e explica que a digitalização do
setor bancário e o aumento das transações digitais é uma realidade que
contempla a necessidade da população. E ressalta os prejuízos aos trabalhadores.
“Se o objetivo é melhorar o atendimento à população, deveria aumentar as
contratações, colocar mais bancários nas agências. Na nossa opinião, a intenção
da proposta é atender o interesse do mercado financeiro e aumentar ainda mais o
lucro dos bancos em detrimento da saúde dos trabalhadores”, enfatizou Marcão.
Desde 2019, quando o autor do projeto, apresentou a proposta, o
movimento sindical bancário vem lutando contra sua aprovação, o que levou à retirada de pauta diversas vezes. “Queremos
mais do que a retirada de pauta, queremos o arquivamento definitivo”, disse
Jefão.
O dirigente da Contraf-CUT lembra, no entanto, que antes mesmo do PL 1043/2019,
já houve diversas tentativas de aprovação de leis que autorizam a abertura dos
bancos aos finais de semana.