Bancários realizaram uma semana de protestos em diversas cidades
do país contra as terceirizações realizadas pelo Santander. Desde 2020, o banco
vem abrindo novas empresas, para onde está transferindo compulsoriamente seus
funcionários.
“É um processo de terceirização que leva à redução dos direitos e
da remuneração dos trabalhadores, numa tentativa do banco de reduzir a
organização e a força de representação dos sindicatos para poder aumentar ainda
mais seus lucros”, explicou a coordenadora da Comissão de Organização dos
Empregados (COE) do Santander, Lucimara Malaquias. “Além disso, após estas
transferências, o banco tem realizado diversas demissões, inclusive de
trabalhadores com deficiência (PCDs)”, completou.
“Em assembleias realizadas em todo o país, os funcionários já se
mostraram contra este processo nefasto realizado pelo banco, que prejudica os
trabalhadores não apenas individual, mas também coletivamente, uma vez que
interfere na representação sindical e reduz a capacidade de luta e organização
da categoria”, observou a secretária de Relações Internacionais da Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, que
é funcionária do Santander e presidenta da UNI Finanças Mundial.
Segundo a coordenadora da COE, o Santander tem agido de forma
truculenta durante todo esse processo e buscado impedir o contato dos
sindicatos com os trabalhadores, seja restringindo o acesso aos locais de
trabalho, o que fere acordo coletivo, seja censurando o jornal sindical. “Isso
interfere na relação entre os trabalhadores e seus representantes. É prática
antissindical e antidemocrática”, afirmou.
Outro agravante é que, nesta semana, o atual presidente do
Santander, Mário Leão, fez uma transmissão ao vivo para informar que os
gerentes de relacionamento passarão a ser vendedores. “Isso aumentou ainda mais
a apreensão dos bancários, já que isso pode resultar em novas terceirizações”,
ressaltou Lucimara.
O movimento sindical quer que o banco pare o fatiamento da
categoria, inicie negociação imediata sobre a representação sindical e as
condições de trabalho desses trabalhadores.
“Continuaremos com os protestos e denúncias em órgãos competentes
enquanto o banco não mudar esta postura e nos chamar para negociar”, informou a
coordenadora da COE. “Também estudamos possibilidades de entrar com ações
judiciais contra as medidas adotadas pelo Santander”, completou.
Lucimara também ressalta a importância das eleições para a
Presidência da República. “A lei que permite as terceirizações irrestritas foi
aprovada após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. O atual governo
apoia as terceirizações e a redução de direitos. Precisamos urgentemente eleger
um candidato que tenha compromisso com os trabalhadores e com a revisão da lei
da terceirização e a reforma trabalhista”, concluiu.