A maior causa do adoecimento na categoria bancária é a pressão, com assédio moral, por metas abusivas. Este foi um dos principais pontos da negociação que aconteceu na tarde desta segunda-feira (1º/8) entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos últimos cinco anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%. A variação entre os bancários foi 1,7 vezes maior do que a média dos outros setores.
Para a categoria, o tema de Saúde tem uma importância muito grande. Com as mudanças do setor financeiro houve alterações também no tipo de doença entre os bancários. Antes as doenças que mais acometiam a categoria eram as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) e agora é o adoecimento mental.
De acordo com os bancos, as metas não geram adoecimento e o adoecimento mental não é um problema dos bancários. Em resposta, o Comando Nacional demonstrou que o adoecimento mental dos bancários é maior que em outras categorias e ressaltou a importância do avanço ao combate ao assédio moral.
Após a pressão do Comando, a Fenaban aceitou analisar as propostas da minuta de reivindicações da categoria.
A negociação
Durante a negociação foi ressaltado o aumento do adoecimento físico e psíquico na categoria. De acordo com o levantamento do Dieese, a partir de dados do INSS, as doenças mentais e comportamentais representavam 23% dos afastamentos previdenciários da categoria em 2012. Em 2021, a porcentagem passou para 36%. Entre os afastamentos acidentários (B91), o salto foi de 30% em 2012 para 55% em 2021. As doenças nervosas saíram de 9% para 16%.
Além da exigência à questão da saúde, a categoria lembrou os bancos sobre o recente episódio em que o banco Santander foi condenado a pagar R$ 275 milhões de indenização por cobrança de metas abusivas, em uma ação coletiva movida pelo Ministério Público do Trabalho com base em estudos embasados em diversos dados, pesquisas e entrevistas com trabalhadores da categoria. Na decisão a Justiça proibiu o banco de continuar a exercer tais práticas.
As denúncias de assédio moral e sexual que levaram à queda do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também foram evidenciadas durante o debate.
Os bancos insistiram quanto à necessidade da realização de estudos que comprovem a relação entre o adoecimento mental e a pressão por metas e assédio moral. Após o Comando Nacional apresentar diferentes casos coletados a partir do atendimento diário aos bancários, a Fenaban aceitou analisar as propostas da categoria.
“Para nós bancários a causa do adoecimento mental está totalmente ligada à cobrança de metas abusivas, onde só 20% dos bancários conseguem cumpri-las. Para a FENABAN este continua sendo um problema do mundo e da sociedade em geral. Vamos continuar com as cobranças por soluções para o fechamento de um acordo com avanços para a Saúde da nossa categoria”, defende Reginaldo Breda, secretário geral da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Novas cláusulas
A categoria abordou, ainda, a necessidade da inclusão de novas cláusulas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em decorrência da atual conjuntura sanitária do país e do mundo. Outra cláusula nova é a que trata das medidas pós-covid-19, com a inclusão de procedimentos de combate e prevenção de doenças e suas sequelas.
Próxima reunião
A próxima reunião de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2022 com a Fenaban acontece na quarta-feira (3). Em pauta, as cláusulas econômicas.