Para início
de conversa, é preciso compreender que as vacinas são o primeiro passo para o
fim da pandemia do novo coronavírus, mas a imunidade não começa imediatamente
depois de tomar o imunizante, e nem mesmo logo após a necessária segunda dose.
Caso uma pessoa tenha COVID-19 logo após se imunizar, isso não significa que a
vacina não funcionou, mas que seu o sistema imunológico não teve tempo
suficiente para reagir à vacinação e criar resposta imune, explicam
especialistas.
Por isso, é importante entender cada fórmula. A primeira vacina licenciada para uso no país foi a CoronaVac, com tecnologia da chinesa Sinovac e produzida nacionalmente pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O intervalo recomendável entre as duas doses é de 14 a 18 dias. Sem eficácia atestada para apenas uma aplicação, ela garante 77,96% de êxito com o reforço.
A segunda licença concedida no país foi para a Covishield, mais conhecida no Brasil como AstraZeneca – nome da empresa farmacêutica britânica que desenvolveu a proteção em parceria com a Universidade de Oxford. É produzida nacionalmente nos laboratórios da Bio-Manguinhos, que faz parte da estrutura da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O tempo de espera entre as duas doses é de até 12 semanas. Na bula, a fabricante afirma que há eficácia “pouco mais de 50% a partir de 21 dias da aplicação” e 73,43% garantida com duas doses.
Outra aprovação foi do imunizante desenvolvido pela norte-americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech. O registro estabelece o uso da vacina com esquema de duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas, apresentando “proteção parcial após cerca de 12 dias da primeira dose”. “A vacina apresentou eficácia global de 95% em toda a população do estudo, incluindo análise em diferentes grupos étnicos, e pacientes com condições clínicas de risco, sendo observada ainda uma eficácia de 94% em indivíduos acima de 65 anos”, informou o braço da Pfizer no Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também deu aval ao uso emergencial da vacina da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, no fim de março. Ela tem nível de proteção de 85% em casos graves e 66% em casos moderados e leves. É a única disponível até o momento que prevê apenas uma dose para imunização completa.
As fabricantes explicam que cada organismo reage de uma forma, dependendo de fatores como a faixa etária e o próprio sistema imunológico. De acordo com o Instituto Butantan, em geral, é preciso esperar pelo menos duas semanas após a segunda dose para garantir proteção de qualquer vacina, pois é o tempo que o sistema imunológico humano leva para criar anticorpos neutralizantes, que barram a entrada do vírus nas células.
“Ainda vale lembrar que uma quantidade ainda maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, também variando de indivíduo para indivíduo”, informou o Instituto Butantan.
É importante esperar, porém, que grande parte da população tenha
sido imunizada antes de pensar em voltar a antigos hábitos. Por isso, há uma
luta de especialistas em defesa de vacinação em massa, já que os vacinados
ainda têm potencial para se contaminar e também para transmitir o vírus para
quem não tem proteção.
“As pessoas que se vacinaram devem manter todas as medidas protetivas ainda, como
distanciamento social, uso de máscaras e lavagem das mãos”.
“Nenhuma vacina é 100% eficaz. As vacinas não impedem, em sua grande maioria, a infecção, mas sim a evolução para a doença”, o quadro de pacientes vacinados não deve resultar em hospitalizações. “A grande maioria vai apresentar sintomas leves, mas como a resposta de formação de anticorpos e a imunidade inata são individuais, não conseguimos prever como será essa evolução em cada caso”.