QUEREM LEVAR O BANCO DO BRASIL. NA UNHA, NA MÃO GRANDE!
“O ministro reclama que sua pasta tem feito medidas para fornecer créditos às instituições financeiras, mas que isso não tem chegado às empresas.” Será por quê?
A fala do ministro traduz exatamente o teor e destinação das suas medidas, diga-se de passagem, uma retumbante intervenção do estado na economia, onde os passivos dos bancos privados, algo em torno de 900 bilhões de Reais em carteiras podres e inadimplidas são estatizados, para em um segundo momento, privatizar os ativos dos bancos públicos com o mesmo dinheiro.
Com a injeção de 1,2 trilhão nos bancos privados com recursos disponíveis dos bancos públicos e BACEN – sem qualquer contingenciamento quanto a destinação ou modelo de concessão, inclusive sem nem um centavo colocado para as micro e pequenas empresas, (ainda que a engenharia de comunicação alardeasse que o destino dos esforços seriam pra preservar emprego e empresas), desnuda-se o macabro e audaciosíssimo business plan do ministro.
Em relação às concessões de crédito para salvaguardar as atividades econômicas das pequenas e médias empresas pelos efeitos da COVID – 19, os bancos privados impõem uma série de dificuldades e amarras, conforme se extrai das declarações dos próprios bancos privados e inacreditavelmente do Bacen. O único pacote para este segmento, não alcançou 8 bilhões para 14 milhões de empresas e ainda assim com taxas totalmente inacessíveis.
Avancemos um pouco mais na compreensão do business plan do ministro. Observemos os outros números para compreender a agenda. Para as grandes empresas (ligadas aos bancos) foram disponibilizados 88 bilhões de Reais. Sim, é uma injeção direta para salvaguardar o patrimônio e os negócios da banca privada, que também é proprietária de grandes empresas em outros setores da atividade econômica.
Pra escancarar o completo atropelo à coisa pública, o plano do ministro garantiu que o repasse às companhias aéreas, que na pandemia amargam prejuízos diários que superam 100 milhões de Reais, se desse a partir de empréstimos de R$ 48 bi realizados pelos bancos privados. Mas não é só isso! Desde que a garantia se desse em debentures conversíveis em ações, pra piorar, precificadas com valores atuais, em baixa e com extrema desvalorização. Ou seja, mais uma absurda engenhoca que colocará nas mãos dos bancos privados, depois da crise, a participação em gigantes aéreas.
A esta altura, você já questiona: considerando a origem dos recursos, não deveriam essas operações ser estruturadas pelos bancos públicos? Caixa Econômica Federal, principalmente Banco do Brasil e BNDES?
Na mesma perspectiva, é absurdamente necessário (até porque surreal) trazer a público as compras de carteiras de pequenos bancos pela CEF já que até o momento ninguém sabe como, quando – e porque – isso foi feito ou está sendo feito, e as cifras chegam a 30 bilhões. Além de descapitalizar a Caixa essas operações reveladas podem escancarar conflitos de interesses ainda mais notáveis. Será que o BTG Pactual lidera essa lista, por exemplo?
Seria interessante, em nome da transparência, que o congresso ou outros intervenientes pedissem aos bancos públicos que declinassem nomes e valores das empresas e bancos beneficiários dos 88 bilhões emprestados para grandes empresas, bem como os 30 bilhões contingenciados para compra de carteiras podres de pequenos bancos pela CEF.
O “ministro” transformou a independência do BACEN numa piada e consegue legislar para que o estado doe recursos à banqueiros. É surrealista… praticamente esvaziou o caixa do estado transferindo todos os recursos possíveis para os bancos privados. Para ele, pouco importa a pandemia, os mortos ou os governadores. Importa o business plan de privatizações. E para isso não é possível ter um estado minimamente com dimensões sociais: há mútua exclusão…
Assim, depois de ter utilizado toda capacidade dos bancos públicos em fazer política econômica para o interesse público, desvirtuando em favor dos bancos privados, sem cobrar nenhuma contingência aos bancos privados a despeito das imorais e generosa ajudas bi e trilionária, o ministro não se sacia e escancara seu plano privatista contra o Banco do Brasil. Esquece-se que — a cobiça é que pega os homens!
O Banco do Brasil, seus funcionários, o povo brasileiro e outros intervenientes mostrarão, ministro, que essa “p…” toda formatada por vossa senhoria é uma verdadeira mão grande ao povo e cofres públicos brasileiros, sequestrando sonhos de gerações de brasileiras e brasileiros, salvo mudanças drásticas, restarão aprisionadas à má sorte do destino.
Ressalte-se e com imenso destaca, que menos de 1% dos recursos supostamente disponibilizados às micro e pequenas empresas foi utilizado: as taxas são inviáveis. E a dita obrigação de liderar o acesso aos créditos deveria partir do ministério da economia, na raiz da elaboração da PEC 10, potencializando o papel e atuação dos bancos públicos, fortalecendo sua capacidade de intervenção na política econômica, a partir da concessão de créditos que tornasse viável o plano de salvaguardar empregos, empresas e o interesse público da grave crise de saúde e econômica que assola o país.
Para os bancos públicos o contingenciamento quanto a destinação dos recursos ou modelo de concessão são premissas hirtas e intrínsecas em favor do interesse público, diferentemente da banca privada, cujos planos são de sequestro do orçamento público para favorecimento de uma centena de aproveitadores.
A imoralidade das medidas transformou a independência do BACEN numa piada. Esdrúxula medida, autoriza o BC a comprar e vender, no mercado secundário, ativos que tenham classificação de risco igual ao especulativo — ou seja, o emissor poderia ter dificuldade para pagar seus títulos.
Ainda, conforme o texto da PEC, o rating teria que ser conferido por uma das três principais agências internacionais (S&P, Moody’s ou Fitch). E que a autoridade monetária deve priorizar a compra de títulos emitidos por micro, pequenas e médias empresas.
Sinceramente, você conhece alguma pequena empresa que tenha emitido títulos no mercado? A que modelo de papéis se refere esta medida? São pacotes de recebíveis? … É de chorar e se indignar, né caro leitor? Enquanto isso, aguardamos a Moody’s, a S&P e a Fitch realizarem avaliação da padaria, do açougue e do mercadinho da esquina…, entendeu o vilipêndio?
As etapas deste “business plan” são inequívocas: primeiro, o “ministro” encheu de dinheiro os bancos privados; segundo, asfixiou os estados e municípios, micro, pequenas e médias empresas, forçando a quebra da política de isolamento; terceiro, alega que a retomada, só poderá ser feita com dinheiro privado, porque o Estado está quebrado! Opa! quer dizer, dinheiro público, oriundos do tesouro, ou seja, recursos públicos que ele colocou nos bancos privados.
A fala atribuída ao “ministro” contra o BB não é reveladora, pelo
contrário, é bastante há muito anunciada. O indicado pelo “ministro” pra
presidir tragicamente o BB é privatista assumido e suas providências á
frente da Instituição são exclusivamente na direção de consolidar o
plano de liquidação do banco. O que de diferente há então nesse
processo? Diríamos que a revelada audácia dos que se julgam acima de
tudo. A insígnia do Bolsonarismo desgoverno agora seria outra: Bancos acima de tudo e… o “ministro” acima de todos!
Restando apenas as políticas públicas de origem orçamentaria para fazer face ao enfretamento do cenário de terra arrasada pós pandemia, agora, o “ministro” audaciosamente inicia os ataques às empresas e patrimônio do povo brasileiro querendo assim obrigar a sociedade a aceitar seu business plan original: primeiro estatizar o passivo dos bancos privados para, em um segundo momento, privatizar os ativos dos bancos públicos com o mesmo dinheiro.
Estamos de olho e bem atentos, “ministro”!
Não retirarás os importantíssimos instrumentos de inclusão e
desenvolvimento da sociedade brasileira. Não levarás na unha, na mão
grande, o Banco do Brasil e outras tantas empresas igualmente
estruturantes à Sociedade, ao Povo Brasileiro.
