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25/03/2020 - 08:51:33
BOLSONARO MENOSPREZA A GRAVIDADE DO COVID.19

Bolsonaro se torna corresponsável pelas mortes que ocorrerem devido ao coronavírus.

O que se viu nos últimos dias com a trapalhada governamental é o sintoma de uma desafinação. O presidente Bolsonaro se elegeu num momento em que o país se estabilizava após dois anos de Temer; amorfos, mas plácidos (sobretudo se comparados com os tempos atuais). Na época, havia a expectativa de que o ambiente político era favorável para entoar os acordes das tais reformas estruturantes. A charanga foi montada pensando assim, tendo como crooner o ultraliberal Paulo Guedes. Esse era o cenário.

Era. Em três meses, como se viu, tudo pode mudar. Bolsonaro e sua equipe destoam do novo quadro. De fato, eles parecem músicos trajados à fantasia numa festa a rigor. Ou seja, não combinam. Ou, como diria o outro, não ornam mais. A maior prova desse destom é o fato de que a dupla Guedes-Bolsonaro achou que podia, sem falar com ninguém, mandar uma MP trabalhista com aqueles termos macabros, suspendendo contrato de trabalho por quatro meses, e que, vamos e venhamos, na prática significava uma demissão com a postergação para pagar os haveres.

E como ninguém quer assumir a autoria do fabordão, não tardou que Bolsonaro colocasse a culpa em Guedes pelo teor da MP, como se ele próprio fosse um inimputável que assina sem ler (o que, pelo visto, é o que acontece). Mas o fato é esse: ambos foram chamados a tocar tango, e agora o público pede para tocar Raul. Como possuem repertório pobre, vão gaiteando qualquer coisa. Ao final, salvaram-se todos, menos o arremedo de crooner, que já está com data de validade vencida e, ao contrário do maestro, não recebeu nenhum voto sequer para ocupar a investidura.

O que a sociedade precisa agora são de medidas voltadas para a saúde. E não é ficar se jactando de que está fazendo isso ou aquilo, quando já se sabe que o muito que vier a ser feito não será suficiente. O que se faz necessário, presidente, é compartilhar decisões e escolhas. É preciso chamar os setores organizados da sociedade para que decidam junto. Esse tom de vaticínio, agourando a todos que a economia será prejudicada, pode dar - e deve - dar razão ao presidente no futuro. Mas junto com a razão, ele vai ganhar o ódio de todos aqueles que terão um ente querido morto ou que passou por agruras. Não é preciso uma bola de cristal para prever a crise econômica que se avizinha. Para ficar lembrando isso, ninguém precisa de um presidente da República.

Fonte: Editorial Migalhas



Fonte: SEEB Guaratinguetá
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