Em novo comunicado no qual chama bancários de
“irmãos e irmãs”, distribuído via Now, o
presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, determinou que todos
trabalhadores da Rede obtenham a certificação CPA-20 até o final de 2020. Além
disso, em uma ameaça velada aos bancários de lojas físicas, Rial impõe o
“desafio” de “triplicar o valor da venda por metro quadrado”.
“No ano passado, exigimos a
barra mínima de CPA 10 para todos no Varejo e vamos em busca de que toda a Rede
tenha CPA 20 AINDA NESTE ANO. Também em 2020, pensaremos na qualificação mínima
para todos nas áreas de apoio. Instituímos a máxima `ninguém fica para trás,
para ajudarmos todos os irmãos e irmãs do Santander a chegarem lá, e não
ficarem na cola da dispersão”, diz Rial no comunicado.
“Qualificação é importante, mas isso não pode
ser instrumento de assédio e demissões, como foi no caso do CPA-10. Chamar os
bancários de ´irmãos e irmãs´ e falar em `ninguém fica para trás´ fica bonito
no discurso, mas sabemos que a realidade no Santander é bem diferente. No ano
passado, muitos bancários não conseguiram a certificação em CPA-10 justamente
por desenvolverem quadros graves de ansiedade e pânico durante o processo”.
Em outro trecho do
comunicado, Rial diz que com a Selic a 4,25% espera “mais vendas de consórcio,
produto que faz sentido a uma SELIC de 4,25%” e utiliza o resultado dos canais
digitais como forma de pressão para bancários de lojas físicas.
“Quero ver as melhores lojas
vendendo cartões, mas muito além do que já fazemos no canal digital, ou seja,
vendendo mais de 100 mil cartões todos os meses. Não quero comprar a premissa
de que o canal digital pode tudo – acredito no canal físico, mas me ajudem a
manter essa crença”, enfatizou o presidente do Santander.
“É impressionante como a
queda na Selic serve de pretexto para Rial impor metas cada vez mais abusivas
para os trabalhadores do Santander. Porém, o mesmo argumento não vale para o
Santander reduzir juros e tarifas de outros produtos, que fazem muito sentido
para a atual Selic”.
“Se analisarmos
friamente este trecho do comunicado, tirando o linguajar motivador que Rial
tenta colocar no texto, o que temos é uma ameaça velada aos trabalhadores de
lojas físicas. Algo como: `este é o resultado do canal digital. Vendam, vendam
e vendam e alcancem esse resultado para que eu continue acreditando que vale a
pena manter as agências físicas e, por consequência, o emprego de vocês”,
acrescenta.
Por fim, Rial impõe um
“desafio” para bancários de agências físicas: “TRIPLIQUEM o valor de venda por
metro quadrado de cada loja” e encerra o comunicado com a frase “Mostre a sua
cara, Loja Santander!”
“O comunicado inteiro é de um
cinismo surreal. No segundo parágrafo, Rial fala que bancários devem estipular
metas trimestrais, dadas por eles próprios, e no final impõe ele mesmo a meta
de triplicar o valor de venda por metro quadrado. Em resumo, o comunicado passa
uma única mensagem: mostrem que vocês valem a pena para assim garantir o
emprego. Ele quer o sangue dos bancários para acreditar no atendimento
presencial, mas o banco não revisa processos internos, não promove melhorias
sistêmicas e não contrata mais trabalhadores. Uma postura assediadora por parte
da presidência do banco, que parece ter o objetivo de ser reproduzida por toda cadeia
hierárquica da empresa”.
“A direção do Santander
utiliza a Selic para aumentar metas, pressionar e assediar os bancários. Por
outro lado, a mesma Selic foi utilizada como argumento para congelar contratações
e promoções até abril. Enquanto isso, as demissões seguem a todo vapor. O
resultado dessa equação só pode ser sobrecarga de trabalho, assédio moral e
adoecimento cada vez maior dos trabalhadores. Um desrespeito com os bancários
brasileiros do Santander, que garantem
a maior fatia do lucro global da empresa”.
Para denunciar assédio moral,
o bancário deve acessar o Fale Conosco: www.bancariosgta.com.br/contato ou então entrar em contato via Whatsapp (12
98119.1129), das 9h às 17:30h, de segunda a sexta, que também recebe denúncias
relacionadas com condições estruturais de trabalho, acúmulo de funções,
desrespeito à pausas, intervalos, jornada, entre outras. O sigilo é garantido!