Num movimento que é analisado pelo
Sindicato como a antecipação da reforma administrativa com retirada de direitos
que o governo Bolsonaro pretende implementar no serviço público, o Banco do
Brasil anunciou de forma unilateral, nesta segunda-feira (3), uma série de
medidas que vão desde a ampliação do programa de remuneração variável baseado
em metas (PDG) até a reestruturação do plano de funções. Também anunciou
redução na remuneração de cargos, alteração na avaliação via Gestão de
Desempenho por Competências (GDP) e congelamento das carreiras.
“A alegação do BB é de que as mudanças irão
potencializar os ganhos dos funcionários, com foco no reconhecimento a partir
de seus desempenhos, mas a verdade é que elas reduzem a remuneração total da
maioria dos funcionários e sua perspectiva de encarreiramento”.
“O
lobo está na pele de cordeiro”.
Redução nos valores
de funções impacta PLR e futuros comissionamentos
A reestruturação anunciada reduz o Valor de
Referência de praticamente todas as funções de confiança e gratificadas. Os
funcionários que ocupam esses cargos têm sua remuneração resguardada pela
criação de um complemento no contracheque, mas, se ascenderem, recebem já o
valor da nova função reduzida.
A medida criará duas classes de
trabalhadores, que farão os mesmos serviços, com remunerações distintas. É o
desvio de função institucionalizado.
Apesar de garantir a partir de uma verba
temporária o salário bruto atual, a medida impacta os funcionários
comissionados na participação nos lucros (PLR), que é baseada nos valores de
referência da função (VR), que irão diminuir.
Reestruturação
amplia a remuneração variável baseada na competição, buscando substituir
remuneração fixa
A reestruturação também anuncia a ampliação
do PDG, programa de remuneração baseado em sistema competitivo, que prevê o
pagamento de valores aos melhores colocados em determinados aspectos definidos
pela empresa. Sobre os valores pagos por esse programa não incide contribuição
patronal ou pessoal à Cassi, Previ, INSS ou FGTS.
“O Sindicato vê com enorme preocupação a
maneira como o BB apresenta esse novo programa”. O receio é de que a cultura
organizacional baseada na cooperação entre os funcionários e equipes, tão
fundamentais ao trabalho, seja atropelada por uma cultura de concorrência
predatória e individual que em nada fortalece os bancários, a empresa e
tampouco constrói negócios sustentáveis, abrindo espaço para o adoecimento e os
conflitos éticos do funcionalismo.
“O objetivo da empresa é reduzir a massa
salarial e, consequentemente, diminuir as contribuições relacionadas aos
direitos dos bancários.
Reestruturação muda
o sistema avaliatório GDP (Gestão de Desempenho de Pessoas)
Além dos parâmetros e métricas já definidos
atualmente na Gestão de Desempenho de Pessoas, o banco anunciou outras ações
para a gestão do desempenho dos funcionários pelos gestores e ainda divulgou
como uma suposta inovação as análises e tratamentos posteriores aos conceitos
atribuídos.
A maioria das medidas passa a valer já
neste primeiro semestre, como a mudança no Plano de Desenvolvimento de
Competências (PDC), que agora é direcionado somente aos funcionários que
apresentaram necessidade de aprimoramento no semestre anterior. A partir de
março, o PDC ficará disponível na UniBB (Mapa de Carreira), sem necessidade de
ciência do gestor.
A GDP passará a sinalizar os subordinados
que apresentaram lacuna de desempenho aos gestores de equipe, considerando os
conceitos recebidos de seus avaliadores. Esse grupo deverá ter registro de
Acordo de Desenvolvimento específico e anotação relativa ao resultado do
acompanhamento realizado.
“A mudança na GDP pode trazer prejuízo para
os bancários, na medida em que o banco vem utilizando essa ferramenta para
pagar remuneração variável ou punir trabalhadores com descomissionamentos. A
Comissão de Empresa tem reunião agendada com o banco sobre o tema e vai cobrar
melhoria nesse processo”.
No dia 12 será um dia nacional de luta, com
atividades em todo o Brasil para protestar contra os prejuízos oriundos da
reestruturação e em defesa do banco público.