O Brasil agora tem uma santa, Irmã
Dulce dos Pobres, canonizada pelo papa Francisco neste domingo, 13 de outubro.
Na Bahia, ela sempre foi admirada e reconhecida como uma protetora dos
carentes, alma do bem e obstinada por ajudar a todos. Motivo de orgulho e
devoção, parece haver uma unanimidade em relação ao valor desta freira
maravilhosa, independente da questão religiosa.
Mas este post aqui é para analisar uma
incrível história de gestão e liderança. Conhecendo mais a fundo a vida de
Maria Rita Pontes, a Irmã Dulce, não há como deixar de reconhecer algumas
características impressionantes de uma gestora exemplar. Vejamos:
Liderança pelo exemplo. Obcecada por resultados,
precisando de muito engajamento e motivação, ela era sempre a primeira a
acordar e a última a dormir. Estava presente para todos e mesmo na alta gestão
do hospital e do orfanato, ela fazia questão de continuar fazendo os serviços
básicos de limpeza e cuidado com todos. Tinha uma capacidade de execução imensa
e com isso gerava uma legião de seguidores, apaixonados pela sua liderança.
Quando lhe perguntavam sobre as suas poucas horas de sono, sempre dizia “meu
patrão é exigente”.
Pragmatismo. Acima de
qualquer paixão ou julgamento, ela se relacionava com todas as esferas da vida
pública ou privada. Era extremamente criativa para acessar as pessoas, nunca
emitia opiniões políticas, recebia e procurava pessoas de todas as posições,
era uma pedinte obstinada e muito carismática. Para ela não importava a cor do
dinheiro, desde que ele fosse usado para confortar e salvar vidas.
Há uma famosa história com o ex-presidente
João Baptista de Oliveira Figueiredo (1918-1999), que ilustra bem este
pragmatismo. Emocionado com a obra realizada por ela, ao receber um pedido de
ajuda financeira, o rústico presidente disse que iria arranjar o dinheiro, nem
que tivesse que assaltar um banco. Imediatamente Irma Dulce respondeu: “Pois o
senhor me avise que eu vou com o senhor.” Mais pragmática e espirituosa
impossível.
Propósito. Aqui então não tem para ninguém. A freira tinha um
mantra, nunca recusava um paciente sequer, independente da origem, da doença ou
da ocupação do hospital. Obviamente vivia em função de promover o bem e, guiada
por este propósito maior, não media esforços e nunca perdia o foco. Lições de
humildade para atingir este propósito nunca faltaram. Numa ocasião, ao pedir
doação em dinheiro para um comerciante, este ao vê-la com a mão estendida, a
atingiu com uma cusparada. Na hora ela limpou a mão no hábito e a estendeu de
novo: “Isso foi para mim, agora o que o senhor vai dar para os meus pobres?.”
Isso é que é uma lição de propósito!
Fonte: NeoFeed