Má gestão não pode comprometer nosso emprego.
Escândalos
internacionais e prejuízo antes dos impostos motivou discurso ameaçador de
Gulliver.
Já faz algumas semanas que nós fomos surpreendidos com a avalanche de
denúncias relacionadas às operações mundiais do banco. Desde as revelações do SwissLeaks, a imagem da empresa se associou a termos
como ‘fraude’, ‘lavagem de dinheiro’ e ‘sonegação de impostos’. A situação se
agravou com o surgimento de uma lista de inúmeros clientes (de vários países)
que estariam sonegando impostos por meio de contas bancárias na Suíça.
Como se já não bastasse estar envolvido em tamanho escândalo, o HSBC Brasil
divulgou, no último dia 23, um prejuízo antes dos impostos de US$ 247 milhões
(R$ 711,1 milhões) no ano de 2014. “Em
declaração a imprensa, o presidente mundial do HSBC, Stuart Gulliver,
responsabilizou a economia brasileira e, pior, os funcionários pelos resultados
negativos”.
“Para o Sindicato, esta postura não é novidade, pois a alta direção do HSBC
sempre encontra uma maneira de justificar seus baixos resultados operacionais,
empurrando a responsabilidade para a economia local, o peso da legislação (seja
trabalhista ou tributária) ou a inadimplência. Guardadas as devidas proporções,
a verdade é que os concorrentes do banco continuam crescendo, pois a
lucratividade do sistema financeiro segue inabalável”.
O presidente mundial do banco também insinuou que pode tomar medidas mais
drástica com relação ao Brasil. “Há partes do grupo que não estão oferecendo
retorno (adequado), e estamos trabalhando para reestruturá-las. Não há opções,
em termos de reestruturação, que não estejamos considerando”, indicou Gulliver
no dia 23, apontando como possível solução a venda dessas unidades.
“Tais declarações atestam um total desconhecimento da atual situação das áreas
internas (departamentos) e de varejo (agências) do banco no Brasil. Faltam
funcionários, há desvalorização profissional, os processos estão inacabados e
os projetos não concluídos. Sobram apenas clientes insatisfeitos e
trabalhadores sobrecarregados”.
A culpa NÃO é dos funcionários
Após o ultimato de Gulliver – que disse que se em um ou dois anos os
resultados positivos não voltarem, o banco poderá ser posto à venda –, os
trabalhadores já começaram a ser cobrados. No dia 24 de fevereiro, André
Brandão, presidente do HSBC no Brasil, enviou um comunicado a todos os
funcionários justificando o não pagamento do PLR, em função do prejuízo.
Brandão também ressaltou que as alterações organizacionais e os processos de
reestruturação, ocorridos ao longo de 2014, absorveram parte importante da
capacidade produtiva do banco. Ao final, o presidente disse estarem todos
preparados para “virar o jogo” e alcançar a meta de ser a terceira maior
operação do Grupo, com lucro de R$ 3 bilhões em três anos.
“Nós
do sindicato não aceitaremos que o banco transfira aos funcionários a
responsabilidade de alavancar os resultados, como se estes fossem os únicos responsáveis”.
“Desde que chegou ao Brasil, o HSBC não deu ouvidos ao movimento sindical.
Sempre fomos responsáveis ao apontar erros e sugerir mudanças no modelo de
gestão do banco. Está claro que continuar com a atual estrutura não irá
contribuir com a melhora nos resultados. A gestão da empresa precisa reagir! Chegou
a hora do HSBC valorizar aqueles que estão na linha de frente (e não apenas os
altos executivos): seus trabalhadores".
É preciso negociar de VERDADE
O HSBC já se tornou conhecido por atropelar as negociações com movimento
sindical ou mesmo falar uma coisa em mesa de negociação e, na prática, fazer
outra. “Nas reuniões com a diretoria do banco, os representantes dos
trabalhadores sempre pontaram a falta de rumo da empresa. Sempre nos foi
visível o conflito entre politica implícita e politica expressa”.
“Diante deste cenário desfavorável, contudo, cabe priorizarmos a luta pela
garantia de emprego dos funcionários. O banco não pode adotar um discurso
ameaçador de venda de ativos. Deve, ao contrário, propor e implementar
soluções, pois, como empregador, tem responsabilidade social com 20 mil
famílias de trabalhadores. Para isso, a gestão tem que sair do discurso, da
ineficiência e assumir sua responsabilidade”.
“E o Sindicato não medirá esforços, quer seja na realização de ações sindicais,
quer seja nas esferas governamentais e jurídicas, para a preservação dos
direitos dos trabalhadores e da sociedade”.
Todos
juntos somos mais!
Abraços,
Claudio
Vasques.