O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro
Guimarães, segundo informações divulgadas pela agência de notícias Reuters,
pediu para que seja feita provisão extraordinária de aproximadamente R$ 7
bilhões para perdas esperadas com calotes na carteira de financiamento
imobiliário e a desvalorização de imóveis retomados pelo banco.
Uma análise
feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese) mostra, porém, que a inadimplência média na carteira imobiliária é
muito menor do que a dos demais bancos. “O Banco Central define as regras para
a provisão para dívidas duvidosas. Mas, os dados do balanço do terceiro
trimestre de 2018 apresentam uma inadimplência muito pequena. Não existe motivo
para uma provisão tão grande”, disse a economista Vivian Rodrigues, da subseção
do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf).
Se a medida for efetivada, o lucro líquido da Caixa
será de menos de R$ 10 bilhões. “Isso quer dizer que esta manobra forçará um
prejuízo estrondoso no último trimestre de 2018, pois no terceiro trimestre o
banco já havia apresentado um lucro
líquido de R$ 11,5 bilhões”, explicou Vivian.
“Imóveis são resgates para o banco negociar depois e tentar amenizar as
carteiras que já caíram a prejuízo. Ele não pode misturar as duas coisas e
provisionar por algo que nem está mais na carteira”, finalizou ao lembrar que o
provisionamento diz respeito à carteira ativa do banco.
Prejuízo aos empregados
Os empregados da Caixa também não ficaram nada satisfeitos com a notícia. Depois
de darem duro para cumprir as metas de uma grande campanha comercial realizada
pelo banco em 2018, eles esperam ter seus esforços recompensados por meio da
Participação nos Lucros ou Resultados. Mas, com uma provisão para cobrir
dívidas duvidosas (PDD) que pode chegar a R$ 7 bilhões, o esforço dos
empregados terá sido em vão.
“Essa manobrar
desmerece todo o esforço e trabalho dos empregados, que não apenas atingiram a
meta de proposta de R$ 9 bilhões em campanha institucionalizada pela empresa,
como a superamos”, ponderou a empregada da Caixa Fabiana Proscholdt, que é
secretária de Cultura e representante da Contraf na mesa de negociações com o
banco.
“Já havia uma
previsão de que o lucro da Caixa chegaria a algo próximo de R$ 15 bilhões. Isso
geraria uma boa recompensa aos trabalhadores. Mas, se esta provisão for
realmente realizada, as perdas para os funcionários serão proporcionalmente
‘extraordinárias’”, disse o coordenador da Comissão Executiva de Empregados
(CEE) da Caixa, Dionísio Reis. “Além de ser mais uma artimanha privatista do
presidente Pedro, já conhecido como Lobo de Wall Street pelos empregados, que
não o suportam mais, está fraudando o compromisso de reconhecimento dos
trabalhadores do banco público, o que não será aceito pelos empregados ”, disse
Dionísio.
“A Caixa é uma
empresa 100% pública e termos superado a meta mostra que empresa pública é sim
competente e rentável, diferente do que alguns colocam pra poder justificar as
privatizações”, completou Fabiana. “Estamos acompanhando toda essa especulação
e vamos tomar as providências necessárias para resguardar os direitos dos
empregados e a empresa”, concluiu.