A Comissão
de Organização dos Empregados (COE) do Santander se reuniu na quinta-feira (13)
com representantes do banco Santander para tratar sobre os aumentos abusivos
nos planos de saúde; unificação nos cargos da área operacional; o sistema que
determina rotas de deslocamento para o local de trabalho; e os novos modelos de
agência que estão sendo implantados.
Veja abaixo
como foi o debate sobre cada um dos temas:
Aumentos no
plano de saúde
Em novembro
de 2018, os bancários denunciaram as dificuldades para arcar com os gastos em
saúde. Alguns relataram que já chegaram a desembolsar mais da metade do salário
com o convênio.
O problema
surgiu após a alteração da operadora do plano de saúde dos bancários, ocorrida
em fevereiro de 2017. A mudança resultou em aumentos nos valores das
mensalidades, implantação de cobrança por faixa etária para os admitidos a
partir de então, aumentou abusivamente a coparticipação e estendeu a cobrança
para todos os procedimentos, inclusive de urgência em hospital.
Nesses
quase dois anos, os gastos dos trabalhadores com o plano de saúde subiram em
cerca de 40%, sem que os trabalhadores e seus representantes tenham acesso a
informações que levaram a essa majoração. No mesmo período, os bancários
tiveram reajuste de cerca de 8% no salário.
“O poder de
compra dos bancários foi drasticamente reduzido por conta desses aumentos
abusivos e da cobrança de coparticipação em todos os procedimentos médicos.
Isso tem levado muitos trabalhadores a evitarem tratamentos, exames e
consultas, ou os empurraram para o SUS”, denunciou Maria Rosani, coordenadora
da Comissão de Organização dos Empregados (COE).
Os
trabalhadores cobraram a revisão da cobrança da coparticipação por meio da
instituição de um teto mensal; a implantação de uma forma diferenciada e menos
onerosa de cobrança para os trabalhadores com doenças crônicas; transparência
nos reajustes por meio da apresentação detalhada, aos trabalhadores e seus
representantes, dos cálculos atuariais que resultarão nos aumentos, antes de
aplicá-los aos bancários; negociação com os representantes dos trabalhadores
sempre que houver aumentos.
Fusão de
cargos na rede de agências
A partir de
2019, o Santander começará a implantar um processo de unificação de funções na
rede de agências. A informação foi confirmada na reunião, mas os representantes
do banco disseram que ainda não há muitos detalhes a respeito dessa mudança.
Os cargos
envolvidos serão os de caixas, agente comercial, coordenador de agência,
gerente Pessoa Física e assessor Pessoa Física. Os trabalhadores que ocupam
essas funções passarão a se chamar gerentes de negócios e serviços. Os
representantes do banco disseram que não haverá terceirização de funcionários,
e haverá jornadas de oito e seis horas.
A
justificativa para essa mudança é que o modelo atual de agência vai acabar. A
fim de justificar a mudança, citaram outros setores, como farmácias e
companhias aéreas, nos quais os funcionários exercem várias funções. E que essas
alterações serão feitas para dar “dinamismo” ao atendimento.
“O que
impede o ‘dinamismo’ e prejudica o atendimento é a enorme falta de funcionários
nas agências, temos denunciado isso todos os dias. O que resulta em sobrecarga
de trabalho, adoecimentos e precarização do atendimento”, afirmou Maria Rosani.
A COE quis
saber se essa mudança resultará em desvio de função. Os representantes do banco
disseram que nada está definido.
“Nós não
tivemos todas as informações sobre esse projeto. O próprio banco assumiu que
tem dificuldades de implantá-lo em sua totalidade. Mas tudo indica que haverá
desvio e acúmulo de funções”, reforçou Maria Rosani.
Para ela, o
banco vai vender essa mudança como uma oportunidade de encarreiramento
semelhante ao que fez com o cargo de agente comercial, que na prática resultou
apenas no acúmulo de função e na precarização do trabalho.
“Poucos
agentes comerciais se tornaram gerentes. A maioria continua com essa dupla
função: como agente comercial, trabalhando no caixa e no atendimento comercial.
O banco demite e com isso desestrutura e precariza o atendimento nas agências e
joga toda a culpa pela insatisfação dos clientes nas costas dos trabalhadores.
Para melhorar o atendimento precisamos de mais braços nas agências, melhores
condições de trabalho, treinamento e respeito aos bancários. Sem isso, a nova
função só trará mais adoecimentos”, alertou Rosani.
“O banco
cobra tarifas altíssimas, tem lucros astronômicos e pode contratar mais
funcionários para melhorar o atendimento e não só penalizar e punir os
funcionários como vem fazendo sistematicamente. E com essa mudança, isso se
acentuará, pois todos os bancários terão de fazer tudo, a exemplo dos gerentes
digitais, que agora demoram mais para atender os clientes de forma integral,
mas são pontuados negativamente por isso e assediados para que façam mais
negócios”, afirma Lucimara Malaquias, vice-presidenta da UNI Américas
Juventude, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do
Santander.
Mudança de
itinerário
O Santander
criou um sistema que determina os itinerários de deslocamento para os
bancários, o que gerou muitos transtornos e reação do movimento sindical.
Na reunião
de quinta-feira, o banco apresentou o programa, com algumas mudanças. O
trabalhador poderá rejeitar até três rotas determinadas pelo sistema. Na
terceira rejeição, o setor de RH, então, deverá atuar de acordo com a
necessidade do trabalhador.
Enquanto a
nova rota não for aprovada, o trabalhador receberá o mesmo valor no
vale-transporte.
Segundo os
integrantes do banco, os bancários não deverão andar mais de 750 metros. E as
pessoas com deficiência não poderão caminhar mais de 500 metros.
Os
representantes do banco também garantiram que os bancários não serão proibidos
de utilizar dois modais distintos, como metrô e ônibus, por exemplo.
Em caso de
problemas, os trabalhadores deverão procurar um representante sindical.
Novo modelo
de agência
O banco
está criando agências diferenciadas de negócios, chamada work café. O banco
afirmou que não houve alteração de jornada dos trabalhadores. No horário normal
de expediente, os bancários farão o atendimento. No horário extrajornada – após
as 18h, durante a semana, e nos finais de semana – haverá nesses locais um
prestador de serviço para dar informações que serão encaminhadas aos bancários.
Eles não terão acesso ao sistema.
Nova
reunião foi agendada para o dia 29 de janeiro, quando os representantes do
Santander devem trazer respostas para os questionamentos dos representantes dos
trabalhadores.